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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Família Mórmon - Um Instrumento de Dominação

Dentro do mormonismo, a família é extremamente valorizada, a igreja se esforça muito para manter os laços familiares, e, dentro do possível, fortalecê-los.  

Mesmo que pareça louvável, essa política familiar mórmon contribui para o aumento do poder da igreja sobre os indivíduos.

Igreja e família muitas vezes se confundem, a igreja não pode existir sem as famílias, e, geralmente a família também não pode viver sem a igreja. Assim, a religião, que deveria ser, acima de tudo, uma questão individual, se torna uma questão de família.

Desde pequenos os membros da Igreja SUD compartilham a crença de que suas famílias podem ficar unidas para sempre, que podem viver juntos para toda a eternidade. Isso cria um forte elo entre a igreja e a família.

As ordenanças no templo também visam a família, batismo pelos mortos, investiduras e selamentos reforçam a ideia de que a igreja e a família tem o mesmo propósito. Pais também são encorajados a “guiar” seus filhos no “evangelho verdadeiro”.

Por causa disso, a igreja influencia a família, que exerce sua influência sobre o indivíduo. Essa forma de dominação pode ser muitas vezes imperceptível, até chegar o momento de ser posta em prática.

Muitos mórmons que perdem sua fé na igreja ainda permanecem ligados a ela por causa de sua família. Deixar a igreja pode significar o fim dos laços familiares que foram construídos durante toda a sua vida.

Toda a identidade, a percepção da realidade e todas as expectativas estão ligadas a família, que por sua vez está fortemente ancorada na igreja.

Um homem forte pode enfrentar qualquer inimigo, até mesmo a morte. Mas ele jamais suportará ver sua mãe, seus avós e outros familiares queridos chorando por ele. Uma mãe falando com lagrimas em seus olhos coisas como: “filho, pague seu dízimo, vá a igreja, não deixe de ir ao templo, nossa família precisa permanecer unida no céu” tem um poder quase que sobre-humano sobre qualquer pessoa. A família se torna uma arma nas mãos da igreja.

Talvez seja isto que Cristo queria dizer quando afirmou que veio para dividir as famílias, talvez a verdade divida as pessoas. É muito difícil transpor as barreiras do etnocentrismo criadas pela igreja em conjunto com a família.

A liberdade religiosa que a constituição de nosso país garante pode se tornar uma utopia nessa situação. A chantagem emocional que os mórmons sofrem é um atentado aos seus direitos constitucionais.

O medo de ficar sozinho, de perder seu lugar no céu, de ser rejeitado pelos amigos e familiares e ser incompreendido faz parte da realidade daqueles que perdem sua fé. A verdade e o conhecimento requerem grandes sacrifícios.

Somos moldados pelas nossas relações, interagimos com o mundo através de nossa família e amigos. A igreja sabe muito bem disso. Por que será que é aconselhado aos membros buscarem amizades dentro da igreja? Por que será que desde crianças somos ensinados a ter um padrão de comportamento dentro da igreja?

Se uma criança for doutrinada corretamente, se torna quase impossível o rompimento com sua fé. Acrescente a isso amigos e familiares que compartilham as mesmas crenças e haverá a extinção da individualidade e dos pensamentos próprios.

Pensando assim podemos inferir que por melhores que sejam as intenções dos pais e professores, eles estão contribuindo para uma forma de abuso infantil, que irá se refletir durante toda a vida do indivíduo. O que aprendemos na infância é geralmente o que levaremos para a vida adulta.

É improvável que algum dia uma pessoa doutrinada no mormonismo chegue a questionar o que ela aprendeu na infância, pois ela viu seus pais, avós e professores testemunhando sobre a verdade do Livro de Mórmon e sobre Joseph Smith. Que motivos ela teria para achar que as pessoas que ela mais ama estariam mentindo?

A mente de um mórmon “nascido” na igreja é totalmente diferente da de um converso. Para uma pessoa que viveu sua infância e adolescência no mormonismo é quase impossível o desligamento da igreja. A razão para isso é simples: para ela não há identidade fora do mormonismo, não existe vida fora de suas verdades e convicções.

Um converso talvez saiba como ele era antes de entrar no mormonismo, mas e a pessoa que “nasceu” na igreja? Um dos piores sentimentos é o de descobrir que talvez você não seja você mesmo, que toda sua visão de mundo tenha sido determinada pelo mormonismo. Um mórmon criado dentro da igreja não possui identidade fora do mormonismo ou fora de sua família.

Claro que existem vários motivos para a igreja ensinar e se preocupar tanto com a família, muitos deles inclusive nobres, mas o dano que a doutrinação imposta pela família pode causar na pessoa é enorme.

Talvez nosso amor pela verdade não seja maior que o amor pela família. Muitos membros se negam a enxergar a verdade por causa da influencia familiar. Não há uma solução para o problema da família e da igreja. As famílias são, infelizmente, um grande instrumento de dominação dentro do mormonismo.

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