A  cultura asteca, sua história, sua sociedade, sua produção artística  estão intimamente ligadas às suas crenças religiosas. 
Essa religião é,  principalmente, animista e dualista, na qual magia e cosmogonia  fundem-se em um único elemento. Segundo Soustelle, os Astecas são os  indígenas mais religiosos do México. Sua religião simples e dualista,  quase que totalmente astral – ao menos em sua origem – foi  enriquecendo-se ao longo do tempo através dos contatos com os povos  sedentários do Centro.  
Conforme  seu império foi se expandindo foi se incorporando novos elementos  religiosos. Tanto que por volta do século XVI, sua religião era um denso  conjunto de crenças e cultos de origens distintas.
A  característica marcante da escatologia asteca é o seu caráter  fatalista, onde não há vestígios de esperança. 
O caráter dualista domina  o mundo espiritual asteca, estando presente nas forças da natureza e no  panteão. Os deuses foram criados pela união dos princípios masculino e  feminino: “os membros do casal supremo, Senhor e Senhora da Dualidade”[1]. 
Segundo Lehmann, a religião exercia um domínio total na vida dos astecas e absorvia grande parte de sua força. Os deuses comandavam tanto o Estado como o indivíduo. Todos os acontecimentos da vida, o dia do nascimento e o da morte, o  bom ou mau destino, tudo fazia parte dos desígnios divinos. O princípio  duplo inexoravelmente se manifesta também na formação dos deuses, e na  formação da humanidade: 
“se llega a concebir que todo cuanto existe obedece a la acción de dos principios antagonicos que lucha eternamente (dualismo). Sólo así se explica la lucha entre el mal y el bien". [2]
A  maior dificuldade em se estudar a religião asteca e seu panteão (sua  mitologia) está no caráter mágico dela, que se deve à visão dualista do  mundo. 
Os astecas, ao assimilar outros povos, assimilavam também suas  divindades e seus cultos. Todavia  essa incorporação de novas divindades era organizada pela classe  sacerdotal que buscava reduzir a quantidade de divindades considerando  cada deus como multifacetado. 
Essa  multiplicidade de deuses de diversas origens e diferentes atributos é  visível quando se tenta ordena-los. Cada divindade asteca podia sofrer  diversas manifestações e apresentar-se com diferentes atribuições.  
É  o exemplo de Quetzalcóatl, um dos deuses mais importantes. Sua origem é  tolteca, porém há manifestações suas por toda a América Latina. Para os astecas ele é o deus do vento, da vida, da manhã, do planeta Vênus,  dos gêmeos, dos monstros, patrono das artes e da sabedoria, criador e  pai dos homens. Seus nomes são: Quetzalcóatl, Ehécatl,  Tlahuizcalpantecuhtli, Ce Ácatl, Xólotl, entre outros.
O  nome Quetzalcóatl significa literalmente “serpente de plumas”, porém  quetzal é também o símbolo de “coisa preciosa”, e cóatl significa gêmeo.  Portanto o  nome Quetzal-cóatl pode ser traduzido como “gêmeo precioso”, indicando  sua atribuição de estrela matutina e vespertina. Esta identificação com o  planeta Vênus deu origem a diversos mitos e explica quase todas as  lendas de Quetzalcóatl.
Dentre  os mitos envolvendo esse deus o mais importante é o da criação do  homem. O mundo para os astecas, foi criado varias vezes. Isso porque a  criação era seguida pela destruição por cataclismos. A última vez que o  homem foi criado o deus Quetzalcóatl foi ao mundo dos mortos recolher os  ossos dos homens, verteu sobre eles seu próprio sangue e deu vida  novamente aos homens.
 Essa lenda explica a importância dos rituais de sacrifício humano e o papel fundamental que o sangue exerce nessa religião. Os  homens, para manter-se vivos precisam manter vivos os deuses,  alimentando-os com sangue humano. Apesar dessa lenda que justifica o  sacrifício humano estar ligada diretamente à Quetzalcóatl consta que  ele, durante seu governo sobre o mundo, proibiu essa prática.
Quetzalcóatl  foi, sem dúvida, o mito mais difundido por toda a Meso-América. Com  caráter multiforme, porém sempre benigno. Esse aspecto valente, bom, de  herói integrador seria muito bem aproveitado pelos evangelistas  espanhóis no momento de “garimpar” almas para a religião cristã.  
Do mito de Quetzalcóatl há varias versões, entretanto nenhuma delas  sobreviveu à conquista espanhola de 1519 sob a forma escrita. Os  pontos em comum na grande maioria das versões é o fato de que  Quetzalcóatl, após criar os homens, desceu das efemérides divinas e  encarnou como homem, veio para ensinar à humanidade todas as artes, a  sabedoria e a bondade.
O homem Quetzalcóatl foi um rei tolteca muito justo, sacerdote, astrônomo, foi quem adaptou o calendário maia em algumas partes e estruturou o calendário tolteca, assimilado mais tarde pelos astecas. Seu reinado marca a assimilação do povo maia pelos toltecas.
Teria morrido em 5 de abril de 1208, exilado em algumas versões, traído e morto em outras. Independente da versão de sua morte e das condições que esta ocorreu o certo é que ao deixar o trono tolteca Quetzalcóatl afirmou que retornaria. Assim ele se converteu no centro de uma cosmologia religiosa.
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Fontes:
 
 




 
 
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