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sábado, 30 de abril de 2011

A visita de Cristo na América - Quetzalcóatl


A igreja SUD explora grandemente a história entre Cortéz e astecas. Na sua chegada, Cortéz teria sido saudado como o Grande Deus Branco, que certa vez visitara a América e prometera voltar.

Segundo os SUDs, Cristo nas Américas, após sua ressureição.
Isso faz com que os SUDs imediatamente vejam a "óbvia" ligação com o Livro de Mórmon – que fala exatamente da vinda de Cristo às Américas logo após sua ressurreição. Porém, muito é escondido e distorcido pela própria liderança da igreja SUD, e por meio de técnicas nada honestas, muitos incautos são enganados.

Vejamos onde estão os reais problemas.

1. Quem foi o deus que prometeu voltar

Quetzalcóatl - serpente com plumas

Pintura de Dan Staten
Quetzalcóatl é uma divindade das culturas de Mesoamérica, em especial da cultura Asteca, também venerada pelos Toltecas e Maias. 

É considerada por alguns pesquisadores como a principal dentro do panteão desta cultura pré-hispânica. 
Os astecas incorporaram esta deidade em sua chegada ao vale do México. No entanto, modificaram seu culto, eliminando algumas partes como a proibição dos sacrifícios humanos.

2. Problemas com um Deus Branco na América pré-colombiana

O livro Reader's Digest Mysteries of the Ancient Americas mostra alguns graves problemas com a colocação de um Deus branco na Mesoamérica. Quando se fala de Quetzalcoatl como um Deus branco, ele diz:

 “Há, no entanto, uma falha grave na teoria do deus branco... Apenas após a conquista espanhola que Quetzalcoatl passou a ser descrito como tendo a pele branca, e apenas em histórias fornecidas pelos próprios espanhóis.

Quetzalcóatl em sua forma humana
 "Aztec and Maya Myths." 
Karl Taube. University of Texas Press. ©1993


"Na arte Asteca local, ele é geralmente retratado como uma serpente emplumada, ou como um ser humano vestindo uma máscara ou mostrado um rosto negro, às vezes com listras amarelas e uma boca vermelha...

"Nada se sabe da lenda asteca, no entanto, que implique que ele fosse um homem branco... em sua forma humana na Terra.”

Portanto, a única evidência para acreditar que Quetzalcoatl era de fato um deus branco é a palavra dos espanhóis. Quetzalcoatl nunca foi descrito como um homem de barbas brancas e com uma túnica branca até depois da chegada dos espanhóis, e só pelas histórias dos espanhóis.

3. Como a história teria sido destorcida?

Chegada dos espanhóis nas Américas
A história mitológica de Quetzalcoatl chegou, na forma de tradição oral, aos ouvidos dos conquistadores espanhóis, que rapidamente a interpretaram e se aproveitaram dela.

Um dos escritores que percebeu o caráter “messiânico” da lenda de Quetzalcóatl foi Bernardino de Sahagún. 


Bernardino de Sahagún
No primeiro livro de sua Historia general de las cosas de Nueva España ele tenta recuperar a figura de Quetzalcóatl, assimilando-a  a Jesus Cristo. 

A intenção de Sahagún foi explicar a outros missionários a concepção de mundo dos mexicas, para com isso poder afirmar o cristianismo e melhor evangelizar os mexicanos.

Notória é a visão tendenciosa que Sahagún passa em sua obra, e esta assimilação da figura do deus tolteca existe um interesse ideológico deformador. Por outro lado, a aristocracia mexica pós-conquista também possuía o desejo de reabilitar Quetzalcóatl como uma figura quase cristã, pois isso legitimava seu poder e a sua manutenção.

Sahagún não define o retorno de Quetzalcóatl como sendo uma profecia da chegada dos espanhóis, embora passe a idéia de que os espanhóis são companheiros desse deus. Outros escritores vão além, como Las Casas, que sugere que os cristãos são filhos e irmãos de Quetzalcóatl.

Desta maneira tentou-se converter Quetzalcóatl em um apóstolo de Cristo, para assim poder cristianizar mais facilmente. A mentalidade européia viu-se confrontada pelas impenetráveis civilizações da América.

A partir de meados do século XVI, foram feitas diversas tentativas para suprimir as diferenças entre mexicas e espanhóis. Alguns alegavam:

- serem os antigos mexicanos descendentes de uma tribo perdida de Israel;

- outros os consideravam como sendo de origem fenícia ou cartaginesa; 

- outros ainda estabeleciam relações entre certos ritos dos astecas semelhantes a cerimônias cristãs, imaginando que aqueles fossem um eco distorcido da pregação do evangelista São Tomé. Essa corrente defendia que o evangelista teria vindo para as Américas e adotado o nome de Quetzalcóatl [1].

Mesmo entre os índios houve confusão a respeito da similaridade dos espanhóis com o mito do regresso de Quetzalcóatl. A lenda dizia que Quetzalcóatl regressaria de seu exílio e novamente instauraria a idade de ouro. Esta profecia possuía um caráter cronológico. O deus deveria retornar em um ano 1 acatl, coincidentemente os espanhóis aportaram no México em um ano 1 acatl, o ano de 1519.**

Cortéz recebendo presentes
O próprio Hernán Cortéz foi confundido com o deus. Porém essa crença não logrou. O rei Montezuma mandou levar até Cortéz os ornamentos sagrados de Quetzalcóatl com a finalidade de verificar a identidade do deus, o que não ocorreu.**

Mesmo que ainda restassem dúvidas a respeito da identificação de Cortéz com o deus, o massacre efetivado pelas tropas espanholas em Cholula, cidade sagrada de Quetzalcóatl, bastaram para dissipar quaisquer equívocos.

A profecia do retorno de Quetzalcóatl foi usada pelos espanhóis como um estratagema político para facilitar a penetração do continente, mas serviu também como fonte de inspiração para os missionários criarem uma brecha para a evangelização.

Os Astecas possuíam uma religião bastante complexa, e dentre seu panteão destaca-se a importante figura de Quetzalcóatl. Esse deus foi criador da humanidade, professor dos homens, foi deus e rei encarnado.

Sua morte causou tristeza em seu povo, a ponto de se construir uma profecia de seu retorno. Como todo herói “messiânico”, indícios de sua volta não faltaram. Como se não bastasse a superstição do povo, os invasores chegam sob a auspiciosa data profética.

Os evangelizadores espanhóis tinham consciência de seu papel de divulgadores da “verdade” cristã e lançaram mão dos meios que lhes foram apresentados. 

Legitimar sua presença em solo mexicano através de um mito cosmogônico foi um meio para alcançar a mentalidade desse povo a ser conquistado e catequizado.


4. Sobre o retorno do Deus Branco

**Os espanhóis, com seus canhões, cavalos e navios... podem, em um primeiro momento, terem parecido como seres sobrenaturais ... Mas há pouca evidência de que o imperador asteca ou alguém na terra pensou que a invasão espanhola era a prometida Segunda Vinda do deus Quetzalcoatl.

De fato, Cortéz desembarcou na costa de Veracruz em 22 de abril de 1519, e a capital asteca se rendeu em 13 de agosto de 1521. Os acontecimentos que tiveram lugar entre estas duas datas têm sido relatados em uma série de crônicas e outros escritos, dos quais os mais conhecidos são as cartas que Cortéz escreveu ao rei Carlos V, e a Verdadeira História da Conquista do México por Bernal Díaz del Castillo. 

Estas duas obras, juntamente com algumas outras, também escritas por espanhóis, até agora tem sido quase a única base sobre a qual os historiadores têm considerado a conquista de uma das maiores civilizações da América pré-colombiana.

Mas essas crônicas apresentam apenas um lado da história, a dos conquistadores. Por alguma razão, desprezo talvez, os historiadores têm falhado ao considerarem que o conquistado poderia ter estabelecido a sua própria versão na sua própria língua.

De fato, existe uma seleção, a partir desses contos indígenas, alguns deles escritos logo em 1528, apenas sete anos após a queda da cidade. 

Estes escritos formam um breve histórico da Conquista contada pelas vítimas, e incluem passagens escritas por padres nativos e sábios que conseguiram sobreviver à perseguição e morte, e que participaram da luta final.

Os manuscritos que agora estão disponíves são preservadas em várias bibliotecas, das quais as mais importantes são a Biblioteca Nacional de Paris, a Biblioteca Laurenziana em Florença e a biblioteca do Museu Nacional de Antropologia na Cidade do México.[2]

 
5. Disparidade cronológica

Outro problema quando se compara o relato de Jesus ressuscitado no Livro de Mórmon e a lenda de Quetzalcoatl é tentar colocá-los na terra durante o mesmo período. A primeira data em que Quetzalcoatl poderia ter aparecido como um homem, foi pelo menos 300 dC.

Biasil C. Hedrick, Diretor do Museum Southern Illinois University, fala a respeito do período da existência de Quetzalcoatl como um homem (de acordo com a lenda Asteca):

“Calendários ajustados sugerem um período por volta de 900 ou mais anos posteriores à crucificação. E francamente, parece-me ser bobagem que os Mórmons tentem enganar os outros.

"Eles se aproveitam das semelhanças e comparações aparentemente lógicas para apoiarem uma posição que eles desejam, mas optam por ignorar todos os tipos de informações que possam levá-los a uma conclusão completamente oposta se eles fossem realmente objetivos em sua abordagem.

As semelhanças entre a Quetzalcoatl e a história de Jesus Cristo na América são facilmente explicadas como uma combinação de influências européias, mudanças da história por cronistas espanhóis (conforme acima descrito) e coincidência e ignorância dos fatos que conflitam com as conclusões pré-concebidas.

É fácil para os mórmons simplesmente dizerem que muitos aspectos da verdadeira história de Quetzalcoatl foi desfigurada e pervertida ao longo do tempo. Afinal, o nome de Quetzalcoatl foi confundida e muitas vezes misturado com o histórico sumo sacerdote asteca Ce Acatltopiltzin Quetzalcoatl.

Contudo, este argumento tem graves falhas. Se Quetzalcoatl é, na verdade, a mesma pessoa de Jesus no Livro de Mórmon, então haveria mais semelhanças quanto mais fôssemos para o passado.  

Quetzalcoatl, escultura asteca
No entanto, encontramos justamente o oposto. Encontramos muito mais semelhanças em contos que foram produzidos apenas após Colombo e pelos europeus.  

Quando olhamos para murais antigos e obras de arte pré-colombianas, vemos cada vez menos semelhanças.

Se existe algo semelhante entre Quetzalcoatl e Jesus são as partes das histórias que tem sido desfiguradas e pervertidas.
____________________

Fontes:

1 - Cf. PAZ, Octavio. Essays on Mexican Art. New York: Harcourt Brace & Company, 1993.

2 – Miguel León-Portilla's book "The Broken Spears" -The Aztec Account of the Spanish Conquest of Mexico



Who was Quetzalcoatl?

 

Overlooking the Obvious? Legends of Quetzalcoatl and Ties to the Book of Mormon




BIBLIOGRAFIA INDICADA

CASO, Alfonso. El pueblo del Sol. México: Fondo de Cultura Economica, 1962.

COLLIER, John. Los Indios de Las Americas. México: Fondo de Cultura Economica, 1960.

LAFAYE, Jacques. Quetzalcoatl y Guadalupe : la formacion de la conciencia nacional en Mexico. Mexico: Fondo de Cultura Economica, 1985.

LEHMANN, Henri. Las Culturas Precolombinas. Buenos Aires: EUDEBA, 1960.

PAZ, Octavio. Essays on Mexican Art. New York: Harcourt Brace & Company, 1993.

SAHAGÚN, Bernardino de. Historia general de las cosas de Nueva España. 4. ed. México: Porrúa, 1979.

SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.

SOUSTELLE, Jacques. La vida cotidiana de los aztecas en vísperas de la conquista. México: Fondo de Cultura Economica, 1956.

7 comentários:

  1. Eita, então os testemunhos mórmons são apoiados na opinião dos conquistadores. Eles não tem um respaldo histórico. Eles teriam sido usados pelos próprios europeus para legitimar a expoliação; e os mórmons, por sua vez,ao se fundamentarem em uma mentira, mentem duas vezes...e buscam uma justificativa ao que os conquistadores fizeram ao dizimar as nações indígenas das américas. Esse conhecimento é bastante esclarecedor. Quanto mais busco estudar, mais me certifico de que foi um grande erro ter sido mórmon por tanto tempo!

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  2. Caro Sergio

    Creio que nem mesmo os mormons sabem da verdade sobre os conquistadores e a origem da historia do Deus Branco.

    Eles apenas apegam-se a uma historia que se encaixa no LdM e a elegem como verdadeira. E qualquer dado que a desmistifique e totalmente rejeitada por eles.

    Abs

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  3. Olá, Investigadora.
    O que dizer então dos desenhos de um grande Deus Branco descendo dos ceus ?
    Também é desmistificado ?
    E sobre o grande desenho da arvore da vida ?
    té +

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  4. Maurício

    O desenho foi feito ANTES ou DEPOIS da visita de Colombo? Isso deve ser determinado por estudiosos, é lógico, e não por curiosos.

    Cada vez mais se desmistifica que existam desenhos da era pré-colombiana de algum deus branco, meu caro. Essa história está caindo por terra.

    E o desenho da árvore da vida, você pode ler melhor sobre ela aqui:

    http://investigacoessud.blogspot.com/2011/06/comparando-as-duas-stela-5.html

    Abs

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  5. Jesus não era branco... ele tinha a cor de acordo com a sua localidade(onde nasceu). Só Jesus glorificado aparece com características brancas.

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  6. Waldson

    E por que ele apareceria branco? A pele escura é sinal de impureza, por acaso?

    E você ainda se refere à história dos indios falando de um deus branco? Leia novamente o post, se é a isso que se refere e verá que há sérias indicações que esssa história foi inventada pelo próprio Pizón e seus comparsas!

    Que a verdade seja dita, e que historinhas parem de ser contadas!

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  7. Queria lhe parabenizar pelo blog,sou SUD a 2 anos e estudante de história cheguei aqui por esse artigo quando procurava os vestigios dos povos do ldm na história do nosso continente, me interessei e li já grande parte de suas matérias que achei muito esclarecedoras, obrigado.
    Queria dizer algumas palavras, tenha força nesse seu trabalho ela pode ajudar muita gente a sair um pouco da obscuridade que o "fanatismo SUD" causa.Sempre leio os comentarios deixados e gostei de suas respostas aos membros de os verem acuados pelos fatos e apelarem ao castigo espiritual.Digo denovo sou SUD não tenho raiva dos membros e sou ativo na minha ala, é bom saber a verdade porque talvez assim os membros possam ser bons e caridosos com a finalidade de ajudar o próximo e não pra ficar esperando graças por isso.
    Queria dizer que não vou sair para os membros que lerem para aproveitarem os ensinamentos da biblia e livro de mormon como exmplos de bons atos e caridade porque lá a bons histórias que dão um exelente exemplo de vida como o a maior história da humanidade que é a de jesus cristo q não importa que seja verdadeira ou não mas é o maior exemplo de bondade de qualquer escritura.

    OBRIGADO INVESTIGADORA VC AMENTOU MEU TESTEMUNHO NÃO NA IGREJA MAS EM JESUS CRSTO

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