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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A história de Joseph Fielding Smith, Patriarca da Igreja SUD

  Texto adaptado de Afirmação no Brasil

Graças às investigações realizadas por autores tais como Connell O'Donovan, D. Michael Quinn, Irene Bates, E. Gary Smith, e Gary James Bergera, hoje conhecemos em detalhe a incrível história do Patriarca Joseph Fielding Smith. 

Para realizar esta compilação consultei diversas fontes, porém sobre tudo dois artigos preparados pelo escritor Connell O'Donovan, "Chronology of Events on Patriarch Joseph Fielding Smith’s Homosexualitye "'The Abominable and Detestable Crime Against Nature': An Expanded History of Homosexuality & Mormonism, 1840-1980". 

Agradecemos profundamente a O'Donovan por seus anos de dedicação em investigar esta parte tão importante da  história SUD.

Joseph Fielding Smith exerceu a função como Patriarca Presidente da Igreja SUD entre 1942 e 1946. Em 6 de outubro de 1946 o Patriarca Smith foi jubilado pelo que os líderes da Igreja qualificaram de "enfermidade", e enviado ao exilio no Hawai. 

Porém a verdade é que a única enfermidade padecida pelo Patriarca Smith era o resultado do sofrimento por haver escondido durante toda sua vida sua identidade homossexual. 
 
O Patriarca Smith nasceu em  30 de junho de 1899, em Salt Lake. Era o filho mais velho de Hyrum Mack Smith e Ida E. Bowman, neto do Presidente Joseph F. Smith, e portanto sobrinho do Presidente Joseph Fielding Smith.  


 
Entre 1924 e 1925 Smith havia viajado a Illinois e Inglaterra para completar um mestrado em teatro e oratória. Após seu regresso, Smith, que era solteiro e de 27 anos de idade, foi nomeado instrutor de teatro e oratória na Universidade de Utah. 

De acordo com Cynthia Blood, que foi aluna de Smith na universidade,

"todos sabiam que Maud May Babcock e Joseph F. Smith eram gays" 

e ambos os professores paqueravam os alunos. 

Em 1926 Smith começou uma relação íntima com Norval Service, um jovem atleta, estudante na universidade e seis anos mais novo que ele

Aparentemente a relação com Norval Service continuou até 1929, o ano em que Smith contraiu matrimônio com Ruth Pingree. Service se casou um ano mais tarde, porém nunca teve filhos.
 
Heber J. Grant
Em 1942, após uma década sem Patriarca, o Presidente da Igreja, Heber J. Grant ordenou Joseph Fielding Smith a este cargo. 

Alguns mórmons se surpreenderam ao ouvir o anúncio, porque sabiam que Smith era gay e tinha relações com outros homens. 

De fato, nesta época Smith havia tido relações íntimas com outro homem: Byram D. Browning, que havia sido aluno da Universidade entre 1942 e 1943 e logo após, servido na Armada dos Estados Unidos entre 1943 e 1946.
 
Em 1946, os líderes da Igreja convidaram Browning que enviasse os documentos para sair como missionário. Porém Lorenzo D. Browning havia descoberto que seu filho havia mantido uma relação íntima com nada menos que o Patriarca Presidente da Igreja, de 46 anos de idade. 

O pai pediu uma audiência com a Primeira Presidência, então composta por George Albert Smith, J. Reuben Clark e David O. McKay.

J. Reuben Clark, George Albert Smith e David O. McKay

 
George Albert Smith
Em 10 de julho de 1946, o Presidente George Albert Smith escreveu que se sentiu "desconsolado" ("heartsick") ao ser informado da atividade homossexual do Patriarca Presidente, que era seu primo distante. O Presidente Smith escreveu que a situação havia produzido "uma grande comoção a mim e a meus irmãos". 
 
Apesar da gravidade da acusação contra o Patriarca Smith, a Primeira Presidência decidiu não excomulgá-lo. 

Ele foi desobrigado da maneira mais discreta possivel, e alegando problemas de saúde, foi exílado em Honolulu, no Hawai, com toda sua família, para ensinar teatro na Universidade que a Igreja havia ali estabelecido. 

Sugeriram ao presidente da estaca de Honolulu que não lhe permitissem dar discursos nem lhe oferecessem qualquer chamado. 
 
Esta é a carta que o Patriarca Smith enviou a George Albert Smith: 

"Querido Presidente Smith:

Como bem sabe, faz muitos meses que estou enfermo. Ainda que estou lentamente recobrando as forças, e espero poder trabalhar no futuro próximo. Não sei se poderei  recuperar, nem quando, as energias inerentes ao ofício de Patriarca da Igreja.

Como o senhor sabe, os deveres do Patriarca trazem uma carga de trabalho mui pesada. Posto que um único homem ocupa esse ofício, se tal pessoa se acha consideravelmente incapacitada, a tarefa fica sem ser realizada.

Eu bem sei que alguém não renuncia nem pede para ser desobrigado de tal chamado puramente por razões de conveniência pessoal, do mesmo modo que alguém não pede para receber esse chamado. Meu mais fervoroso desejo é que a obra do Senhor prospere.

Em vista de tudo isso, escrevo para dizer-lhe que, se o senhor deseja que eu continue, farei tudo o que eu puder. Porém se o senhor sentir que a Igreja se beneficiará se me desobrigar nesta ocasião, desejo que o senhor se sinta com total liberdade para fazê-lo. Estou escrevendo-lhe esta carta para que o senhor saiba que tem meu completo apoio, seja qual for sua decisão.

Estou agradecido pela bondade do Senhor a mim e aos meus.

Continuo orando para que o Senhor derrame suas mais ricas bençãos sobre você.

Seu irmão,

Joseph F. Smith"

Entre 1952 e 1954, John Reese, que vivia em Honolulu na mesma estaca que Joseph e Ruth Smith, tornou-se amigo da família, especialmente da esposa Ruth. 

Ruth revelou a John a verdadeira razão do exilio em que a família vivia no Hawai: Joseph Fielding Smith era homossexual e havia tido relações com vários homens, incluiendo um homem cujo nome era Wallace, colega de Smith na Universidade de Utah. 

Em 1957, após haver "realizado uma confissão completa perante sua esposa e perante  a Primeira Presidência", o Presidente David O. McKay autorizou aos líderes eclesiásticos de Honolulu que extendessem chamados ao ex-Patriarca Smith. 

Por nunca ter sido excomulgado ou sequer desassociado, não foi necessário realizar nenhuma ação eclesiástica para reabilitar Smith. 

Em pouco tempo, Smith começou a exercer a função de Sumo Conselheiro de sua estaca.

Em 13 de abril de 1958 Ruth Pingree Smith enviou uma carta ao Presidente David O. McKay agradecendo-lhe que o marido agora pode servir na Igreja. Ruth escreveu:

"Eu sei, melhor que ninguém, a grande prova que nossa familia está sendo para você e para as autoridades [da Igreja]."

De volta de seu exilio no Hawai, Smith morreu em 29 de agosto de 1964 em Salt Lake. Enterraram-no no cemitério da cidade, onde também está a tumba de Norval Service, um de seus amantes.

A tumba do Patriarca Presidente Joseph Fielding Smith e sua esposa Ruth Pingree no cemitério de Lago Salgado.

A tumba de Norval M. Service, um dos amantes do Patriarca Smith, no cemitério de Lago Salgado
 
Depois de viver por anos na Califórnia do Sul e em São Francisco, Byram D. Browning também terminou no Hawai, onde está internado em uma clínica geriátrica para pacientes com Alzheimer.

Aqui levantamos várias questões muito sérias, uma vez que a homossexualidade é tão condenada pela igreja SUD:

- Se as autoridades são escolhidas por Deus, através de revelações, por que Joseph Fielding Smith foi chamado para ser Presidente Patriarca da igreja?

- Ao ser descoberto, ele não foi nem ao menos desassociado. Mas sabemos que, por muito menos, pessoas sem nenhum vínculo com a Liderança da igreja são excomungadas.

Independente de sua opção sexual, porque essa diferença de tratamento dentro da igreja?



Setembro de 2005 
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Fontes:
Bates, Irene, & E. Gary Smith. Lost Legacy: The Mormon Office of Presiding Patriarch (Urbana : University of Illinois Press, 1996).

Bergera, Gary James, "Grey Matters", 7th East Press, 27 de novembro de 1982, p. 15.

Bergera, Gary James, "Love, Sex, and Transgression: Approaching the Unapproachable in Mormon Biography," Salt Lake City, Sunstone Symposium, 30 de julho de 2005, Seção #351.


O'Donovan, Connell, "Chronology of Events on Patriarch Joseph Fielding Smith’s Homosexuality".

O'Donovan, Connell, "'The Abominable and Detestable Crime Against Nature': An Expanded History of Homosexuality & Mormonism, 1840-1980".

Quinn, D. Michael, Same-Sex Dynamics among Nineteenth Century Americans: A Mormon Example (Univ. of Illinois, 1996), pp. 369-371.

Quinn, D. Michael, The Mormon Hierarchy: Extension of Power (Signature Books, 1997), pp. 127-128.

6 comentários:

  1. Querida investigadora, eu já tinha ouvido falar de um Joseph Fielding Smith gay na igreja, mas pensei que fosse o "profeta", sabia? A propósito, os nomes estão invertidos no gráfico que você colocou: Joseph F. Smith é o pai, e Joseph Fielding Smith o filho. Mais uma prova da tremenda hipocrisia dentro da igreja. Bem, uma coisa comumente encontrada em igrejas, mas na "verdadeira" igreja, é demais, não é?

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  2. God Slayer

    Obrigada pelo aviso, que já foi corrigido.

    Os mesmos nomes geralmente geram muita confusão, e esse tópico tem exatamente tês objetivos:

    - esclarecer que o Patriarca, e não o Presidente da igreja, era homossexual

    - não há inspiração alguma nos chamados

    - há um tratamento diferenciado gritante entre os SUDs medianos e os filhos/parentes de autoridades. Isso já pode ser visto mesmo nos bispados.

    Abs

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  3. Ô, eu já vi tratamento diferenciado entre parentes dos líderes, nem precisa ser autoridade geral. O presidente da estaca aqui instalou o nepotismo na estaca, queria, sem nenhuma inspiração, chamar o próprio filho, recém-chegado da missão, pra ser o bispo da ala. Só que, me parece que a igreja agora tem uma regra, acho que nenhum bispo pode ser chamado se tiver menos do que 30 anos de idade. Se tivessem inventado isso antes, eu teria me salvado, pois fui chamado bispo aos 28 anos.

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  4. Interessante, não sabia desta regra....

    Abs

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  5. É coisa novíssima, acho que do ano passado.

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  6. Ixi...
    Se fosse assim o Monson não seria Bispo com 22.

    Mas ele não foi pra missão e fez faculdade.

    Muito esperto ele não?

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