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By Ferramentas Blog

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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Comparando as duas Stelas 5



A Stela 5, até hoje é usada pelos SUDs como a maior evidência arqueológica que comprova a veracidade do livro de Mórmon. Porém, mesmo entre alguns pesquisadores SUDs, essa idéia é refutada. Dentre eles, podem ser citados Hugh Nibley, John L. Sorenson, Dee Green, William J. Hamblin (professor de história da BYU) assim como John E. Clark.

Em 1966, John L. Sorenson, em um artigo, fez algumas precauções relativas às publicações SUD sobre o Livro de Mórmon usando o trabalho de Jakeman como referência – trabalho este que fez correlações da Stela 5 de Izapa com o sonho de Leí.



Sorenson alertou para "descontrolada comparação" e as "conclusões absurdas" que resultam, muitas vezes, por serem usados métodos indevidos na comparação entre arte e cultura. Ele continuou:



"Particularmente, isso leva a interpretações super ambiciosas, com conceitos comuns compartilhados [pelos mórmons] com relações históricas, como nas prévias pseudo-identificações de Jakeman de ‘Leí’ (e outros personagens do Livro de Mórmon) no monumento Izapa" [1].



Três anos depois, Dee Green, um arqueólogo profissional, advertiu que a literatura mórmon, ao lidar com as escrituras, especialmente com o Livro de Mórmon, era, em geral imprecisa em apresentar materiais arqueológicos.


Green observou que, no entanto, isso não era surpreendente, pois os próprios indivíduos que forneceram "evidências arqueológicas" para as escrituras não eram arqueólogos. (Isso foi uma declaração visando Jakeman, que tinha uma experiência muito limitada em escavação e análise de materiais produzidos pelos arqueólogos.)



Green especificamente emitiu um "aviso... contra a Pedra da Árvore da Vida de Leí interpretada por Jakeman". Ele afirmou que a tese de Jakeman "recebeu ampla publicidade [através] da igreja e uma resposta excessiva de entusiasmo dos leigos devido às publicações pseudo-científicas".



Ele continuou, afirmando que Jakeman havia feito todas as suas interpretações da Stela "da versão do desenho feito por ele mesmo" em vez de usar uma fotografia original e, certamente, não o fez da observação direta do monumento. Finalmente, Green, que havia sido aluno assistente de Jakeman na produção e manipulação do molde de látex da Stela 5, denunciou que Jakeman tinha alterado o molde de gesso de Stela 5, feita a partir do molde, "após a sua interpretação" [2].



Seguindo a recomendação de procurar melhorar as representações do monumento, a fim de obter uma interpretação mais precisa, foi recentemente concluído um novo desenho da Stela 5. Este foi feito pela New World Archaeological Foundation (NWAF) e em parte pela FARMS. Ele foi publicado no The Book of Mormon Reference Companion pela Deseret Book [3].


 


Ao compararmos o desenho de Jakeman e o novo desenho da Stela 5, parece que a denúncia de Green contra Jakeman faz todo sentido.

 

Abaixo, uma breve comparação dos dois desenhos da Stela 5 - feito por Jakeman e feito pela NWAF. 

 



Estela 5 de Jakeman:



Stela 5 de NWAF:


Detalhes entre os personagens dos dois desenhos também foram comparados, sempre com o desenho de Jakeman à esquerda e o da NWAF à direita.

 

A interpretação da Stela 5 de Jakeman é baseada na Síntese de Cliff Dunston, artista da "TULA Foundation".[4]

 

Em negrito, os erros de interpretação mais marcantes devido ao desenho inacurado de Jakeman.


 

1 - Querubins



 
Jakeman:

Anjos, ou querubins desempenham um grande papel tanto na visão de Lei quanto na escultura da Árvore da Vida.

Eles guardam a árvore em Izapa. No Livro de Mórmon, um anjo leva Leí até a Árvore da Vida; e um anjo dá sua interpretação a Néfi.

 

Arqueólogos:

As duas maiores figuras - "flutuantes" que estão mais próximas da árvore - são provavelmente deuses, ou homens vestidos como deuses. 

A primeira à esquerda está vestindo uma máscara de pássaro e uma concha grande por trás de sua cabeça, enquanto que a do lado direito está com uma máscara de jaguar e um cocar de grande estatura. Seu rosto e máscara foram intencionalmente deformados na Antiguidade, mas há muitos pontos visível para identificá-lo como vestido de jaguar.  

Este par de deuses representam os dois deuses mais poderosos na Mesoamérica, séculos mais tarde conhecido entre os astecas do México central, como Quetzalcoatl e Tezcatlipoca. Representam as forças opostas, bem como Thor e Loki na tradição escandinava.

 


 
Cada deus é assistido de perto por figuras menores, mas não é possível para ver ao certo o que cada participante está fazendo.



Os do lado direito vestem uma imitação do traje do deus Jaguar em algum tipo de cerimónia.

2 - Sariah

 

Jakeman:

Esta figura parece ser a de uma mulher associada à figura de Lei. Sua cabeça coberta sugere que a figura pode representar Saria, a esposa de Leí e a mãe de Lama, Lemuel, Sam e Néfi (além de Jacó e José).

A figura de Saria tem os ombros arqueados semelhantes aos da figura de Lei; isto sugere que ela é uma pessoa idosa que está associada com a figura de Lei  como sua atendente ou esposa.

O olho da figura de Saria olhando para o anjo ou para a árvore pode manifestar o seu desejo de partilhar do fruto da árvore.

Em hebreu o nome Sara ou Saria significa princesa. O ornamento da cabeça da figura de Saria justifica essa exigência.

O anel em forma de rabo de peixe na mão direita da figura de Saria aparentemente é sacrificado com o instrumento que está na mão direita.   
Arqueólogos:
 
A mulher, segurando um espinho serrilhado de uma arraia, o usará para fazer um um furo em sua língua e coletar sangue.

Este será uma oferenda aos deuses - um ato de adoração que está associado com a oferta de incenso. O auto-sacrifício ou auto-sangramento era uma prática frequente e significativa durante milênios na América Central, especialmente entre os sacerdotes e a alta realeza.

Aparentemente, esse é o ritual que está sendo mostrado na Stela 5.




3 - Leí





Jakeman:

 

Nesta representação, Leí é o legendário ancestral lembrado na história mesoamericana. Ele está inclinado para frente com uma das mãos indicando uma posição de quem está gesticulando ou ensinando. Ele está assentado numa almofada semelhante aos altares que descansam em frente dos muitos monumentos de pedra na área onde Stella 5 está localizada.

 

Jakeman supõe que o maxilar localizado imediatamente atrás da cabeça de Lei é o símbolo representando seu nome.

 

O Vale de Leí onde Sansão matou mil filisteus pode ser o símbolo para Leí do Livro de Mórmon e o legendário ancestral, encontrado na pedra.

Arqueólogos:

A figura à extrema esquerda é um velho encurvado com um gorro terminando em ponta.

Ele senta em um trono de crânios. Seus ossos salientesestão bem à vista, representando um corpo velho, esquelético.

Ele poderia representar a morte, ou um sacerdote ou um rei envelhecido com uma máscara que representa a morte

O que parece um dedo indicador é, provavelmente, a ponta de uma corda que está ao redor de seu trono. A corda quase sempre significa abordagem.

Ondas de fumaça saem de um incensário à sua frente. Queimar incenso era um rito comum de oração e súplica na antiga Mesoamérica.

 


 
4 - Néfi


  

Jakeman:

 

A figura de Néfi é do mesmo tamanho que a figura de Lei e está gesticulando de um modo de quem possui autoridade, muito parecido com a figura de Lei.

 

A figura de Néfi tem um instrumento na mão esquerda, que pode ser um tipo de cinzel, e tem a aparência de que está escrevendo nos registros.

 

Seu adorno de cabeça consite de grãos, e representam um jovem deus egípcio dos cereais, chamado Nepri ou Nepi. (Jakeman 1958:45).

 

O pequeno crânio que repousa sobre a testa da figura de Néfi tem o que parece ser um dos frutos da árvore em sua boca. Isto pode sugerir que a figura de Néfi está desejosa de compartilhar do fruto da árvore ou representa seu desejo de seguir os mandamentos de Deus.

 

Como resultado, depois da morte, conforme representada pelo crânio, a figura de Néfi pode reivindicar a vida eterna através da expiação de Cristo.

Arqueólogos:

A figura principal aqui é mostrada sentado de pernas cruzadas no chão, e uma pessoa sentada atrás dele, segurando um guarda-chuva.

O jovem tem um toucado elaborado exibindo os símbolos da realeza e do deus do milho na iconografia convencional da Mesoamérica (do repertório de símbolos significativos). Ele oferece incenso em um incensário similar ao que está representado na cena  ao lado esquerdo da árvore.

O jovem rei do milho está segurando um objeto cortante, talvez com a mesma finalidade da mulher velha: auto-sangramento como oferenda para os deuses. 

 

Note que não há fruto algum na boca do crânio que adorna a cabeça dessa figura. O círculo faz parte do calçado usado por Tezcatlipoca.

 

 

 


5 - Lemuel e Lamã



Jakeman:

 

Lamã

 

Assentado em frente da figura de Néfi estão duas outras figuras. A figura que está atrás do tronco da árvore, nós chamaremos de Lamã por causa da sua discussão com Néfi.

 

De todas as figuras do lado direito da árvore, a figura de Lama é á única figura que está de costas para a árvore.


 

Uma figura que participa do ritual, na oferenda de incenso.

Lemuel

 

Esta figura está assentada na mesma posição em relação à árvore, que a figura de Lamã, com suas costas voltadas para a árvore. Esta posição pode sugerir a recusa de Lamã e Lemuel em partilhar do fruto.

 

A fumaça se elevando do incenso flui de tal maneira que cega os olhos da figura de Lemuel. Ele está cegado com respeito ao evangelho.

 

Uma figura que participa do ritual, na oferenda de incenso.


6 - Criança



Jakeman: 


A pequena figura entre a figura de Néfi e a de Lamã pode ser a figura de uma criança ou uma representação de um tipo de conexão ancestral.  A roupa da morte sugere a última opção.

 

Se for uma figura ancestral, ela pode estar relacionada com a primogenitura.

 

Um incensário



7 - Pessoa cega:



Jakeman:

 

No lado esquerdo da árvore, com suas mãos tocando o tronco da árvore e suas costas quase tocando as costas da figura de Lemuel, existe uma figura com um capuz sobre sua cabeça.

 

O capuz indica que essa pessoa perdeu o caminho. Norman escreveu:

 

A pessoa encapuzada… eu a relacionei à busca da árvore que dá a vida, (mas não é vista). (Norman 1976:214)

 

A figura cega em Stela 5 parece representar aquele grupo de pessoas que, como a semente que é lançada em lugares pedregosos, não cria raiz no plano do evangelho.

 

As tentações de Satanás são tão fortes para eles, que seus olhos são cegados com respeito aos princípios do evangelho. A pessoa cega tocou a árvore, mas não partilhou do fruto da Árvore da Vida.

 

Uma pessoa com feições bem definidas. Não há capuz cobrindo sua face.


 8 - Pessoa envergonhada:


 

Jakeman:

 

Quase a meio caminho da árvore com as costas voltadas para ela e olhando para o anjo no lado esquerdo da árvore, está uma pessoa usando uma touca com alça no queixo. Esta pessoa segura um dos frutos da árvore.

Esta figura pode representar aquelas pessoas que Leí viu em seu sonho, as quais partilharam do fruto e então se desviaram porque ficaram envergonhados.

 

 

 

 

Ao contrário da figura de Jakeman, este personagem não está com a mão em concha, e não parece segurar o “fruto”.

 

É interessante que os frutos parecem “rodear” o braço de Quetzalcoatl.


Recebendo um fruto???

9 - Personagem acima de Samuel:


Jakeman:

 

Uma figura indefinida.

 

 

Note que este personagem é claramente humano, e está logo atrás de Tezcatlipoca, auxiliando-o de alguma forma.

 

Note que logo acima dele, há também um maxilar, que é, segundo alguns SUDs alegam, o símbolo do nome de Leí.



10 - Tronco da árvore



 

Jakeman:

 

Não está representado

Mais um personagem humano, que foi deixado de fora na representação de Jakeman.


11 - Raiz



Jakeman:

 

Doze raízes que se estendem para o chão são evidentes na árvore. Cristo é a Árvore da Vida. As raízes podem ser a representação dos 12 apóstolos de Cristo ou das 12 tribos de Israel.

 

A maneira pela qual as raízes estão separadas uma das outras sugere a separação das tribos.

 

Três raízes proeminentes na parte esquerda da árvore sugerem a parte das três tribos que viajaram para a Mesoamérica, que são: Lei, da tribo de Manassés; Ismael da tribo de Efraim, e Muleque, da tribo de Judá.

Arqueólogos:

As longas raízes da árvore parecem penetrar no solo. Mas quando olhamos com atenção, vemos que  as raízes são, na realidade, dentes alongados de um crocodilo ou um monstro terrestre, enquanto que o tronco da árvore está torcido como o corpo de um crocodilo, um recurso elaborado em outros monumentos Izapa.

 


12 - Águas e árvore




Jakeman:

 

Jakeman sugere que a água representa a fonte de águas sujas do sonho de Leí.

A água em Stela 5 tem aparência de ondas bem como de um rio de correntezas. Os padrões de chuva no lado direito do painel atrás das costas da figura de Sam sugerem a aparência de perigosas inundações entrando pela cena.

 

A representação simbólica de estar sendo levado para as profundezas do inferno é bastante apropriada.

 

Arqueólogos:

As ondas da água são representadas em cascata no lado direito do quadro, como lama debaixo da terra.

No pensamento mesoamericano antigo, acreditava-se que a terra deitava sobre as costas de um crocodilo, que flutuava no mar primordial. A água e os sinais terrestres na 5 Stela mostram claramente essa associação água-crocodilo.

 

13 - Peixes


 


Jakeman:

Símbolos de Cristo e da vida eterna parecem estar adequada e claramente explícitos nos símbolos da pedra. A serpente, o peixe, os colibris, são todos associados com cristo e eternos símbolos do nascimento do homem, sua morte e ressurreição.


Dois peixes são mostrados na pedra, com frutos em suas bocas, significando que se o homem partilhar do fruto da Árvore da Vida, ele ascenderá ao céu. Dois peixes também são representados no alto do painel com suas faces voltadas para a terra, o que pode simbolizar a ressurreição do homem.

 

Arqueólogos:

Um par de peixes esculpidos em jadeíte e que faziam parte de um colar foram escavados em conjunto com a cabeça cerâmica de Ehecatl. Seja qual for seu significado, está obviamente associado com o deus do vento.


Note que este par de figura está justamente em frente da imagem de Ehecatl na Stela 5, possivelmente representando as imagens de jadeíte penduradas em um colar.

 

 
Conclusões:


Os desenhos de alguns personagens não apresentam modificações tão grandes, como nos casos de "Lamã" e "Lemuel". Mas outros esquemas mostram-se grosseiramente modificados.


Não é concebível que um incensário, por exemplo, seja desenhado corretamente do lado esquerdo da figura, e do lado direito, seja visto como uma criança. Uma explicação para tal seria uma tentativa de colocar "Néfi" escrevendo o sonho do pai, e não queimando incenso.


Cobrir a cabeça de uma figura humana com um capuz, quando suas feições também são visíveis é outra forma de tirar o significado original da Stela.


Personagens com características humanas que foram transformados por Jakeman em seres imperfeitos também parece ser uma tentativa de ajustar a Stela 5 ao sonho de Leí: assim, apenas 6 personagens humanos, correspondentes à família de Leí, estariam na cena, mais os representantes principais do sonho - os que se envergonham do Evangelho e os que se perdem.


Na realidade, há mais personagens humanos na Stela 5: um no tronco da árvore, um acima de Sam, o que estava com a cabeça coberta, totalizando dez humanos.


Ainda, a diminuição do número de raízes exatamente para 12, separando 3 delas, é um tanto inconsistente com a quantidade de "raízes" mostrada na figura mais recente da Stela 5. Mesmo que o número não fosse acurado - o que não se pode imaginar, uma vez que foi feito um desenho a partir de um molde de gesso - tal manipulação da imagem original nào é tolerável.


Interessante notar que o "fruto" é deixado de fora estrategicamente em alguns pontos na primeira Stela 5, ou apenas dá-se a impressão de que ele ali está. Um exemplo é o da cabeça que enfeita o cocar de "Néfi" - ela não come o fruto, mas sua boca está próxima a um dos vários adereços do calçado da figura flutuante à sua frente. Os demais adereços foram cuidadosamente retirados. 


As interpretações de Jakeman e de outros SUDs são, de fato, extremamente tendenciosas. Isso apenas tira forças de qualquer  publicação "científica" a favor do livro de Mórmon - se é que elas, de fato, existem.





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Notas:


1 - John L. Sorenson, "Some Voices from the Dust," Dialogue 1/1 (1966): 148. Compare John L. Sorenson, An Ancient American Setting for the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret Book and FARMS, 1985), 253; and John L. Sorenson, Images of Ancient America: Visualizing Book of Mormon Life (Provo: Research Press, 1998), 182.

2 - Dee F. Green, "Book of Mormon Archaeology: The Myths and the Alternatives," Dialogue 4/2 (1969): 72, 74, 75 n. 13.
3 - Largey Dennis L. General Editor. Book of Mormon Reference Companion. Deseret Book Company. 2003.


Textos consultados:

http://mormontranslator.blogspot.com/2010/11/una-nueva-representacion-artistica-de.html

http://maxwellinstitute.byu.edu/publications/jbms/?vol=8&num=1&id=180#Anchor-30-38401



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