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terça-feira, 23 de julho de 2013

Testemunho 10 - DB

Olá Investigadora! Vou contar um pouco sobre mim e sobre o meu dilema atual, visto que os testemunhos são uma forma ótima de mostrar que os questionadores não estão sós. 

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Minha família foi uma das primeiras a ser batizadas no Brasil, sou a 3a geração de mórmons na família. Toda a minha família está envolvida com a Igreja, muito envolvida. Meus tios são bispos, meu vô é patriarca, e todo o resto da família possui chamados também, inclusive eu. É por isso que não coloco meu nome no blog e nem em lugar nenhum, porque caso alguém descobrisse, isso iria destruir a felicidade da minha família.

Eu continuo frequentando a Igreja, já que apenas meus pais sabem da minha descrença. Eu consegui fazer com que eles enxergassem também, depois de muito esforço. Sei que eles ainda acreditam num Deus, num sentido maior, diferente de mim, mas ao menos já não são cegos pela doutrina sud.

Eu espero o dia, e penso nele quase sempre, em que eu vou poder falar pra todos e gritar que não acredito em nada, que tudo é insano, que não existe sentido nenhum, que todos estão sendo enganados, que estão sendo ingênuos. E então eu penso nos meus avós, só por eles eu ainda me contenho. Eu consigo imaginar a dor que eles iriam sentir, iria ser como acabar com eles. Imagine, de um dia pro outro, o neto querido e bonzinho vira um "servo" de Satanás. Consigo compreender a forma como eles pensam, porque eu já pensei assim, tento sempre ver como eles consideram o mundo, assim como eu já considerei uma vez.

Hoje em dia eu procuro ajudar a quem eu puder, e a internet facilita isso de uma forma incomparável. Fico muito feliz em saber que há pessoas que se beneficiam com o que eu escrevo ou traduzo, só lamento não ter mais tempo para dedicar ao blog. A internet é muito eficiente, uma pena que a maioria dos membros não se interessa em pesquisar sobre a Igreja ou sobre a história na internet. 



Recentemente tive uma experiência com o meu primo, que pelo jeito vai sair em missão no final do ano. Eu perguntei pra ele se ele tinha mesmo certeza, se iria mesmo passar dois anos fora de casa pela Igreja. 

Então a conversa foi se encaminhando, até que chegou no ponto sobre eu também partir em missão. Bom, eu tenho 18 anos, recém ingressei na universidade federal do meu estado no curso psicologia. 

Falei pra ele quais os "problemas" que me incomodavam e me faziam relutar, ele esperava que fossem os meus estudos o problema, que eu não quisesse partir porque temia deixar a universidade por dois anos, mas acabou conhecendo e vendo que era muito pior o problema.

Chamei ele aqui em casa e mostrei os problemas com o Livro de Abraão, com a historicidade do LdM, com a poligamia/poliandria, etc. Adivinhe o que ele me disse? Que eu penso demais. Que eu era como o apóstolo Tomé, que necessitava acreditar e o Senhor iria me responder. Mas senti que ele ficou abalado com o que eu disse, apesar de querer disfarçar. 

Moral da história: ele mudou comigo, já não fala como antes, já me evita. Fico então pensando se eu fiz bem em tentar intervir na partida dele em missão... Penso que não iria conseguir dormir a noite caso não ao menos tentasse.

Espero que o comportamento dele seja em função das coisas que descobriu, e que esteja bravo comigo pelas dúvidas que eu plantei. Espero muito isso, mas eu sei que se ele não buscar e pesquisar, se não tiver interesse em tirar isso a limpo, ele nunca irá saber e acabará esquecendo o que eu disse.

Esse é o meu dilema, tenho que viver escondido para poder ajudar aqueles que eu amo. Minhas intenções são futuramente poder ajudar pessoas que estão saindo de seitas, por isso escolhi o curso de psicologia. Pretendo ajudar ao máximo as pessoas que passam pelo que nós passamos. É terrível ver que as pessoas estão cegas, iludidas, sendo usadas. Eu planejo trabalhar como psicologo nessa área, para poder receber os membros e abrir seus horizontes. Eu não iria precisar pregar ateísmo, mas apenas colocar a semente da liberdade e da dúvida, assim como aconteceu comigo.

Levei uns 4 anos para poder aceitar e entender as coisas como são. Isso é, de mórmon 100% crente a ateu 99.9% certo. E como foi terrível não poder contar com ninguém, já que todos estavam como se enfeitiçados. 

Felizmente alguns bloggers me ajudaram no caminho, e você Investigadora e seu blog me ajudaram muito! Acho que nunca tive a oportunidade de dizer isso, mas com certeza você mudou minha vida. Muito obrigado. E então decidi criar o meu próprio, pra poder de alguma forma ajudar também as pessoas que passam pelo que nós passamos.

Um grande abraço,


DB 

3 comentários:

  1. Caro DB!
    Você ainda é um jovem, mas ao mesmo tempo, é tão maduro em relação ao mormonismo e a crenças. Acho que está fazendo certo em não aceitar que te ditem as regras. Teu primo, infelizmente pode ser a ponta do iceberg que vai revelar aos demais que te cercam sobre seu entendimento atual. Esteja preparado para quando todos os membros da igreja te voltarem as costas. Quando isso acontecer, não os culpe. Eu não culpo nenhum membro da minha ex Ala ou Ex Estaca porque todos se afastaram de mim. Minha casa era cheia de membros antigamente. Hoje nenhum me visita. Acho que eles são reféns de um sistema. O sistema criado por Joseph Smith e seus sucessores. Se tivermos que brigar, então que seja com os lideres maiores, não com os menores. Vejo que tens familiares que são membros da Igreja. Pode ser que seja triste, desolador, às vezes até constrangedor o convívio com eles. Espero que eles sejam maduros psicologicamente o suficiente para o aceitar quando descobrirem sobre suas convicções.

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  2. Caro DB

    Reitero as palavras de Antônio Carlos.

    Mas também tenho visto que certos atos são como plantar uma semente. Seu primo, que hoje o trata diferente, tem um grande motivo: uma semente foi plantada. Ela pode demorar anos para germinar e ter forças para crescer e se fortalecer, mas um dia isso acontecerá.

    Tenha certeza que as reações mais violentas são daqueles que mais tem dúvidas. Os que estão muito certos, simplesmente nào se abalam.

    Os que já estão abalados, estremecem diante de fatos que apóiam suas dúvidas. Então, voltam-se contra aqueles que mostram os fatos, e negam suas dúvidas. Mas isso tem um limite de tempo, e é variável de pessoa para pessoa.

    Quanto à tua carreira, achei extremamente interessante, pois eu e um amigo já pensamos em formar uma ONG para ajudar justamente pessoas que saem de seitas e se sentem desorientadas.

    Mas é um trabalho enorme, onde não apenas esse aspecto deverá ser cuidado, mas muitos outros anteriores à entrada dessa pessoa em determinada seita e sua "entrega" a ponto de se desestabilizar tanto.

    Enfim, uma idéia nobre. Quem sabe um dia não possamos unir forças e tornar esse mundo um pouco mais acolhedor para esses que sofrem tanto?

    Abs

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  3. ¨ ¨ Juliana D. Vilane
    ................................................
    Queridos Tina e DB... quando vou a grupos de yoga, falun dafa, eubiose, sociedade'teosofica... e vejo algum mormon é possivel ve qui nesses lugares onde estimula o exercicio de pensar, os mormons tem uma melhora grande no equilibriu psicologico. Mas outros realmente precisam de tratamento por viver muito tempo presos acreditando em ilusoes!

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