LIVRO DE MÓRMON - a venda dos direitos autorais

A VENDA DOS DIREITOS AUTORAIS DO LIVRO DE MÓRMON

Poucos dias depois de Joseph Smith e Oliver Cowdery chegarem em Fayette, em junho de 1829, Joseph percebeu que possuia uma quantidade suficiente de texto, e que ele deveria solicitar os direitos autorais.  

Assim, em 11 de junho, Joseph Smith entrou com este pedido, e lhe foi concedido os direitos autorais do Livro de Mórmon pelo Distrito do Norte de Nova York (History of the Church, 1:58–59, 71). Este livro estava, então, protegido contra plágio.

Direitos autorais do manuscrito original do Livro de Mórmon. Richard R. Lansing, secretário do tribunal do Distrito Federal, preparou duas cópias do pedido de copyright do Livro de Mórmon. Um está alojado nos arquivos da Igreja, e o segundo, na Biblioteca do Congresso.

Após a publicação da primeira edição  do livro, Joseph Smith passou a constar como autor e proprietário, já tendo anteriormente todos os seus direitos autorais - veja figura abaixo.

Primeira edição do Livro de Mórmon - 1830 - Joseph Smith, autor e proprietário.

Porém, Hiram Page e Oliver Cowdery, sob a orientação "profética" de Joseph Smith, foram enviados ao Canadá para vender os direitos autorais do livro de Mórmon. Porém, não foram bem sucedidos. 


Por que Joseph Smith tentaria vender os direitos autorais do Livro de Mórmon? 

"Joseph Capron escreveu que Smith esperava que seu livro fosse 'aliviar a família de todos os embaraços financeiros'. 

Há evidência de fontes mórmon que confirmam as afirmações de Capron. O próprio Smith admitiu em sua história não publicada que:

'ele procurou as placas para obter riquezas.'

"Hyrum Smith escreveu a seu avô, Asael, dizendo acreditar que aquele serviço ao Senhor traria à família sua tão aguardada prosperidade."

"Em outubro de 1829, Joseph escreveu entusiasmado a Oliver Cowdery, que Josiah Stowell teve a chance de obter quinhentos ou seiscentos dólares e que ele compraria cópias do Livro de Mórmon. Lucy Mack Smith disse que quando o livro foi finalmente publicado em março de 1830, a família teve de vender cópias do livro para comprar comida." 

"A situação econômica da família Smith estava tão desesperadora nessa época que Joseph tentou vender os direitos autorais do Livro de Mórmon. 

"Hiram Page escreveu com amargura, anos depois, que o profeta ouviu que poderia vender os direitos autorais de qualquer um livro útil no Canadá e que, em seguida, recebeu uma revelação que:

'esta seria uma boa oportunidade para obter uma soma considerável'." 

"Page explicou que uma vez que as despesas fossem pagas, os lucros deveriam ser 'para o benefício exclusivo da família Smith e deviam ser colocado à disposição de Joseph'. 

"Page indicou que eles esperavam obter US$ 8.000 com os direitos autorais e que viajaram para o Canadá secretamente para evitar que Martin Harris participasse dos dividendos. Smith evidentemente acreditava que Harris estava muito abastado bem até então, enquanto sua família estava em miséria. 

"Quando Page, Cowdery, e Knight chegaram em Kingston, Ontário, não encontraram qualquer interessado. Martin Harris, aparentemente, descobriu o que havia acontecido, e Joseph lhe garantiu, por escrito, que ele teria participação nos eventuais lucros com a venda posterior do livro. 

"Na primavera de 1830, Harris andava pelas ruas de Palmyra, tentando vender o máximo de cópias da nova escritura quanto pudesse. Pouco depois, Joseph Smith e Jesse Knight viram-no na estrada com os livros na mão, e disse-lhes: 'Os livros não serão vendidos, pois ninguém os quer'." (Marvin S. Hill, Quest for Refuge, p.20-21)

Outras provas que seu interesse nesse livro era meramente financeiro podem ser vistas nestas duas citações:

1

"Depois de um certo tempo, Joseph fingiu encontrar as placas de Deus. Este esquema, ele acreditava, poderia aliviar a família de todos os seus embaraços financeiros.

"Seu pai [de Joseph] disse-me que, quando o livro fosse publicado, eles poderiam, com os lucros do trabalho, transformar os negócios de cavar tesouros em uma operação bem-sucedida.

"Ele não deu nenhuma indicação, na época, que o livro era para ser de caráter religioso, ou que teve alguma coisa a ver com revelação. Ele declarou que era uma especulação, e disse que,

" ‘quando ele for concluído, a minha família será colocada em um nível acima da generosidade da humanidade'!" Joseph Capron, affidavit, Mormonism Unveiled, by E.D. Howe, 1834

2

"O senhor Smith declarou que seu filho Joe tinha visto um espírito (que ele então descrevera como um velhinho com uma barba longa), e foi informado que ele (Joe), em determinadas circunstâncias, eventualmente obteria grandes tesouros. 

"No devido tempo, ele (o espírito) iria entregar-lhe (Joe), um livro que contaria sobre antigos habitantes deste país, e onde tinham depositado suas riquezas, constituída de mobiliário caro , etc ....  

"Desde então manteve-se segura sob sua (o espírito) responsabilidade, em câmaras grandes e espaçosas, em diversos locais nesta vizinhança." Abner Cole, “Gold Bible, No. 4,” Palmyra Reflector, February 14, 1831; reprinted in Vogel, Early Mormon Documents, 1998, v. 2, p. 245

Porém, como essa tentativa fracasou, Martin Harris hipotecou suas propriedades para serem impressos 5.000 exemplares da primeira edição do LdM, ao custo de $3.000 dólares. 

A impressora foi a Gráfica de E.B.Grandin, em Palmyra, com o contrato assinado em 25 de agosto de 1829. 

Hoje, até mesmo a carteira de Harris, que ele usava na época, e que provavelmente acondiciounou o dinheiro para a impressão do livro, estão sob posse da igreja SUD, que recebeu-a como doação da família de Harris.

Versão de Hiram Page:

"Antes de junho de 1829, conforme Hiram e Oliver, Joseph usou uma pedra de vidente para receber uma revelação dirigida a Hiram e Oliver para vender o direito autoral do Livro de Mórmon em Toronto*". (Early mormonism, pg 174)

Versão de David Whitmer:

"Irmão Hyrum pensou que não deveríamos esperar mais por Martin Harris, e que o dinheiro (para imprimir o Livro de Mormon) deveria ser levantado de alguma outra maneira. O irmão Hyrum estava irritado com o irmão Martin e pensou que poderiam obter o dinheiro de alguma forma sem ele, e não deixar tê-lo nada a ver com a publicação do livro, ou receber algo dos ganhos desta, se os lucros ocorressem. 

"Ele estava errado em assim julgar o irmão Martin, porque ele estava fazendo tudo o que podia para vender suas terras. 

"O irmão Hyrum disse que lhe foi sugerido que alguns dos irmãos poderiam ir à Toronto*, Canadá, e vender os direitos autorais do Livro de Mórmon por considerável dinheiro, e ele persuadiu Joseph a perguntar ao Senhor sobre isto. 

"Joseph aceitou em assim proceder. Ele ainda não tinha devolvido a pedra [do vidente]. Joseph olhou para dentro de seu chapéu, no qual colocou a pedra, e recebeu uma revelação de que alguns dos irmãos deveriam ir à Toronto*, Canadá, e que iriam vender o direito autoral do Livro de Mórmon. 

"Hiram Page e Oliver Cowdery foram à Toronto* em sua missão, mas eles falharam completamente em vender o direito autoral, retornando sem dinheiro algum. 

"Joseph estava em casa de meu pai, quando eles retornaram. Eu estava lá também, e sou testemunha destes fatos. Jacob Whitmer e John Whitmer também estavam presentes quando Hiram Page e Oliver Cowdery voltaram do Canadá. Bem, estávamos todos em grande dificuldade, e nós perguntamos a Joseph como isto poderia acontecer, ele receber uma revelação do Senhor e os irmãos falharem totalmente no seu cumprimento. 

"Joseph não sabia como isto acontecera, assim ele perguntou ao Senhor sobre isto, e recebeu a seguinte revelação vinda através da pedra: 

“ 'Algumas revelações são de Deus, algumas revelações são de homens; algumas revelações são do demônio'.”

"Assim, vemos que a revelação de ir para Toronto* e vender os direitos autorais não era de Deus, mas era do diabo ou do coração do homem. Quando um homem interroga o Senhor a respeito de uma questão, se ele é enganado por seus próprios desejos carnais, e está em erro, ele vai receber uma resposta de acordo com o seu coração pecador, mas não vai ser uma revelação do Senhor. Esta foi uma lição para o nosso benefício e que deveríamos ter lucrado com isso no futuro, mais do que o fizemos."  (An Address to All Believers in Christ, 31).

Versão de Oliver Cowdery:

"Que alguns entre vocês possam relembrar aquele que enviou o irmão Page e eu, tão tolamente a Toronto*, com uma predição do Senhor através do “Urim e Tumin”, de que lá acharíamos um homem ansioso em comprar o “direito autoral dos primeiros élderes”. 

"Eu bem me lembro que não o encontramos, e tivemos que voltar surpresos e desapontados. Mas antes, tão grande era minha fé de ir a Toronto*, que nada senão calma permeava minha alma. Toda dúvida estava banida, e mais, acreditava que o irmão Page e eu iríamos cumprir a revelação, assim como viveríamos. 

"E você pode crer, sem pedir que eu relate detalhes, que não foi uma tarefa fácil descrever nossa desolação e pesar. O irmão Page e eu não pensávamos que Deus nos decepcionaria através do “Urim e Tumin”, que foi exatamente como veio o Livro de Mórmon”. (Gift of seeng, 58)

À parte: Joseph Smith aparentemente nunca usou o Urim e Tumim. Todos das familias Smith, Whitmer, Harris, e Knight costumavam chamar a Pedra do Vidente, que ele usava, de Urim e Tumim. 


O Setenta e Historiador da Igreja B.H. Roberts aceita a existência dessa revelação e a tentativa da venda dos direitos autorais (embora a classifique como erro crasso e má interpretação por parte de Joseph) na publicação preparada para a Igreja (Comprehensive History of the Church volume 1; ver páginas 150 a 190). 

Lucy Mack, mãe do Profeta, também conta essa ocorrência em suas memórias.



Em seguida, já com um certo número de seguidores por causa das hitórias de anjos, visões e placas, Joseph Smith decide organizar uma igreja, o que de fato acontece em 1930.

Organização da igreja SUD em abril de 1830.

* Com a descoberta de vários documentos, inclusive com o projeto Joseph Smith Papers, descobriu-se que, na realidade, a tentativa de venda dos direitos autorais não aconteceu em Toronto, no Canadá, mas em Kingston, Ontário,Canadá.

Comentário adicional sobre a revelação: 

Coloco aqui novamente a explicação de Joseph Smith sobre a falha da venda dos direitos autorais:

“Algumas revelações são de Deus, algumas revelações são de homens; algumas revelações são do demônio.”

Interessante que, no livro Ensinamentos dos Presidentes da Igreja - Joseph Smith (pag 223), encontramos:

“O diabo não tem poder sobre nós a menos que o permitamos; no momento em que nos revoltamos contra qualquer coisa que vem de Deus, o diabo assume o poder.”

Joseph Smith, então, de acordo com suas próprias palavras, teria permitido que o diabo assumisse o poder sobre ele, dando revelações totalmente errôneas?

 

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