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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O LIVRO DE ABRAÃO - FONTES



FONTES DO LIVRO DE ABRAÃO


Texto traduzido e adaptado de Examining the Book of Abraão - Chapter 8
by Kevin Mathie
 

Ao defender que Joseph Smith não usou um real papiro de Abraão como uma fonte para a versão atual e impressa, é  interessante observarmos as possíveis fontes para as idéias por trás do texto (além da fértil imaginação de Joseph Smith).

Podemos agrupar o Livro de Abraão em quatro partes 9a:

1. Parte I: " Introdução Autobiográfica de Abraão ", publicado pela primeira vez no Times and Seasons, em 01 de março de 1842.

2. Parte II: "Revisão de Gênesis 11:29; 12:1-13", publicado pela primeira vez no Times and Seasons, em 01 de março de 1842.

3. Parte III: "O Cosmos e a Existência Espiritual", publicado pela primeira vez no Times and Seasons, em 15 de março de 1842.

4. Parte IV: "Revisão do Gênesis 1:01 ao 02:10, 16-25", publicado pela primeira vez no Times and Seasons, 15 de março, 1842.

As partes dois e quatro, é claro, tem claramente como base a versão da Bíblia do Rei Tiago (King james). Mas muitos dos conceitos por trás da nova doutrina que se encontram no Livro de Abraão ter outras origens possíveis.

O autor SUD Grant Palmer explica:

Em 1835, o ano que [Joseph Smith] produziu os capítulos iniciais de Abraão, seu conselheiro Oliver Cowdery, no Messenger and Advocate, mencionou Josephus três vezes na interpretação das imagens do rolo de "José do Egito" [dezembro 1835].

No Antiquities of the Jews, Josephus escreveu sobre como Noé, que teve problemas com seu filho Ham, "amaldiçoou sua posteridade", enquanto a linhagem de Abraão e outros "escaparam daquela maldição."

Joseph Smith expandiu essa maldição original (Gen. 9:20-27) para incluir a negação da ordenança do sacerdócio para os negros (Abr. 1:21-26). O estudioso SUD Lester Bush, com estes versos de Abraão em mente, comentou:

"A escritura mórmon [O Livro de Abraão] e os argumentos contemporâneos a favor da escravidão são impressionantes”.

Josephus ainda identificou Abraão como um residente da Caldéia e "uma pessoa de grande sagacidade", que "começou a ter maior noção de virtude que os outros tiveram, e ele ficou determinado a renovar e mudar a opinião que todos os homens, levando-os a terem respeito a Deus."

A pregação de Abraão não era bem-vinda. Eles "criaram um tumulto contra ele ... e com a ajuda de Deus, ele veio e viveu na terra de Canaã. Enquanto em Canaã, a terra prometida para os seus descendentes, Abraão encontrou a fome. Isto levou ele e sua esposa, Sarah, para o Egito, onde ele conseguiu fingir ser o irmão de sua esposa. O faraó finalmente permitiu que ele "conversasse com os mais sábios dentre os egípcios; assim, dessas conversas, sua virtude e reputação tornaram-se mais visíveis do que jamais haviam sido antes. ... Ele ensinou-lhes a aritmética, e deu-lhes a ciência da astronomia, pois antes de Abrão chegar ao Egito , eles não estavam familiarizados com estas áreas de aprendizagem ... "


Esta dissertação de Josephus, que estava disponível para Joseph Smith [note a assinatura de Hyrum Smith na parte inferior da página acima9b], explica porque, ao examinar o Facsímile 1 do papiro de Hor, Joseph assumiu que Abraão estava sendo sacrificado por pregar contra os deuses pagãos, mas que escapou com a ajuda de Deus. 

Olhando o outro lado do pergaminho, Joseph viu ainda no Facsimile 3 Abraão ensinando astronomia na corte do Faraó, exatamente como retrata a narrativa de Josephus.10

[...]

As frases astronômicas e conceitos nos textos Abraão também eram comuns no ambiente de Joseph Smith. Por exemplo, em 1816, Thomas Taylor publicou uma obra em dois volumes chamada The Six Books of Proclus on the Theology of Plato. O volume 2 (pp. 140-146) contém frases e idéias semelhantes aos conceitos astronômicos contidos em Abraão 3 e no Facsímile nº 2. Nestas seis páginas, Taylor chama os planetas de "governantes" e usa o termo "estrelas fixas e planetas".

Ambas as obras referem-se ao sol como um planeta recebendo sua luz e energia a partir de uma esfera superior, em vez de gerar sua própria luz através da fusão de hélio e hidrogênio, (cf. Fac. 2, fig. 5). O estudioso SUD R. Grant Athay, astrônomo e diretor de pesquisa da University of Colorado Observatory, escreveu:

"No momento em que o Livro de Abraão foi traduzido ... a fonte de energia do sol era desconhecida", e "o conceito de uma estrela que influencia a outra também era um conceito comum na época."11 .

Refletindo mais a cosmologia do século XIX, Taylor (cf. Abraão 3:4-10) descreve a progressão do tempo entre os corpos do universo. Como Abraão 3:16-19, algumas pessoas da época de Joseph Smith também acreditavam na ordem progressiva de orbes e que inteligências os habitavam. De acordo com Athay:

“Eles acreditavam que a superfície do sol era sólida, e que era habitado por seres humanos. Na verdade, eles acreditavam que era habitado pelo homem. Acreditavam também que todos os planetas do sistema solar eram habitadas pelo homem, inclusive a lua... O conceito de sistemas de mundos múltiplos, múltiplas habitações do homem ... era um tema bastante comum nessa época.”12

Corroborando o fato de que a idéia de pessoas viverem no sol e na lua era predominante no seio da estrutura social da primeira geração dos Santos dos Últimos Dias, estão as seguintes afirmações.

Em 1833, Oliver Cowdery, declarou:

"É muito agradável deixar a mente se expandir e contemplar as vastas criações do Todo-Poderoso, ver os planetas executarem suas revoluções regulares e observar seus movimentos precisos; ver os mil sóis darem a luz a milhares de globos, movendo-se em suas respectivas órbitas, e girando sobre seus vários eixos, todos habitados por seres inteligentes ..." (The Evening and the Morning Star, Vol. 2. (dezembro 1833): p. 116 - Ênfase adicionada)

Em um sermão dado em 27 de abril de 1843 por Hiram Smith sobre a pluralidade dos deuses e dos mundos, temos o seguinte comentário:

"... Todas as estrelas que vemos são mundos habitados da mesma forma que este mundo é povoado. O Sol e a Lua são habitados, e as estrelas (Jesus Cristo é a luz do Sol, etc.) As estrelas são habitadas da mesma forma que a Terra. Mas muitas delas são maiores que a Terra, e muitas que não podemos ver sem telescópio são maiores que a Terra. Elas estão sob a mesma ordem, e assim como a Terra, estão sofrendo as mesmas alterações." (George Nauvoo Laub Journal, Ênfase adicionada)

Mais especificamente, de acordo com Grant Palmer, Joseph Smith era proprietário de um livro especial, que provavelmente influenciou grandemente sua cosmologia. Klaus Hansen, um estudioso SUD, também escreveu:

"O aspecto progressivo da teologia de Joseph, bem como a sua cosmologia, embora de um modo geral compatível com o pensamento de antes da guerra, apresentam algumas semelhanças notáveis com o livro de Thomas Dick, Philosophy of a Future State, uma segunda edição que tinha sido publicada em 1830."

Joseph Smith possuía uma cópia do trabalho, e Oliver Cowdery, em dezembro 1836 citou alguns trechos longos no Messenger and Advocate [dezembro 1836: 423-25].

Hansen continua:

“Alguns paralelos muito marcantes na teologia de Smith sugerem que as similaridades entre os dois trabalhos podem ser mais do que coincidência. O longo livro de Dick, um tratado ambicioso sobre astronomia e metafísica, propôs a idéia que a matéria é eterna e indestrutível e rejeitou a noção de uma criação a partir do nada. Grande parte do livro trata sobre a infinidade do universo, composto de inumeráveis estrelas espalhadas ao longo de distâncias imensuráveis.”

“Dick especula que muitas dessas estrelas eram povoadas por "várias ordens de inteligências" e que estas inteligências eram "seres progressista" em vários estágios de evolução rumo à perfeição. No Livro de Abraão, parte do qual consiste de um tratado sobre astronomia e cosmologia, seres eternos de várias ordens e fases de desenvolvimento igualmente preenchem numerosas estrelas. Eles também são chamados de "inteligências". Dick especulou que "os sistemas do universo giram em torno de um centro comum ... o trono de Deus." No Livro de Abraão, uma estrela chamada Colob "é a mais próxima ao trono de Deus." Outras estrelas, sempre em ordem decrescente, foram colocados em distâncias cada vez maiores a partir deste centro.”

Hansen observou ainda que:

“De acordo com o Livro de Abraão, o patriarca tinha um conhecimento dos tempos de vários planetas, "   E assim haverá o cálculo do tempo de um planeta acima de outro, até que te aproximes de Colobe; e Colobe segue o cálculo do tempo do Senhor e Colobe está perto do trono de Deus a fim de governar todos os planetas pertencentes à mesma ordem daquele em que te encontras. " Uma revolução de Colobe " uma revolução era um dia para o Senhor, segundo sua maneira de calcular, sendo mil anos conforme o tempo designado para onde te encontras”. O tempo de Deus, portanto, está perfeitamente de acordp com as leis da relatividade de Galileu e a mecânica newtoniana."

O que encontramos em Abraão 3 e nas escrituras oficiais da Igreja SUD sobre ciência reflete um conceito de um mundo newtoniano. A cosmologia ptolomaica da igreja católica foi substituída pelo modelo de Copérnico e Newton, assim como agora, a visão do século XIX canonizada por Newton é desafiada pela ciência de Einstein do século XX. Keith Norman, um erudito mórmon, tem escrito que a igreja mórmon "não pode mais fingir que não há conflitos." Ele continua:

“A cosmologia científica começou seu salto quando a doutrina mórmon estava apenas se estabilizando. A revolução na física do século XX, precipitada por Einstein, destronou a física newtoniana como a explicação definitiva da maneira como o universo funciona. A Teoria da Relatividade e a Mecânica Quântica, combinadas com os avanços da astronomia, criaram uma imagem muito diferente de como o universo começou, como ele está estruturado e funciona, e a natureza da matéria e da energia. ... Esta nova cosmologia científica apresenta um desafio sério para a versão mórmon do universo.”

Muitas das ideias astronómicas e cosmológicas encontradas no ambiente, tanto de Joseph Smith quanto do Livro de Abraão, foram destronadas, e alguns desses conceitos newtonianos são relíquias científicas. As evidências sugerem que o Livro de Abraão reflete mais os conceitos do local e da época de Joseph Smith do que do mundo antigo.13

As relíquias de Newton, que são importantes nos ensinos tradicionais SUD incluem um universo que sempre existiu, e que fisicamente não tem fronteiras (ou seja, é infinitamente grande). Stephen Hawking, em seu clássico livro A Brief History of Time, resumiu o raciocínio de Newton por trás da idéia de um universo "infinito", que era geralmente aceita como verdade nos dias de Joseph Smith.

O modelo de Copérnico fez desaparecer as esferas celestes de Ptolomeu e, com eles, a idéia de que o universo tinha uma fronteira natural. Uma vez que as "estrelas fixas" não pareciam alterar a sua posição além de sua rotação no céu causada pela translação da terra, tornou-se natural supor que as estrelas fixas eram objetos como o nosso sol, mas muito mais distantes.

Newton percebeu que, de acordo com sua teoria da gravidade, as estrelas deveriam se atrair, de modo que parecia não poderiam permanecer essencialmente sem movimento. Elas não cairiam todas juntas em um certo ponto? Em uma carta escrita em 1691 a Richard Bentley, outro importante pensador de seu tempo, Newton argumentava que isso realmente aconteceria se houvesse apenas um número finito de estrelas distribuídas numa região finita do espaço. Mas, ele argumentou, se, por outro lado houvesse um número infinito de estrelas, distribuídas mais ou menos uniformemente em um espaço infinito, isso não aconteceria,
porque não haveria qualquer ponto central para que elas caíssem.14

Infelizmente, essa ideia de um universo "infinito" parece ser uma impossibilidade. Stephen Hawking explica:

“Este argumento é um exemplo dos perigos que você pode encontrar ao falar acerca do infinito. Em um universo infinito, cada ponto pode ser considerado como o centro, porque cada ponto tem um número infinito de estrelas de cada lado. A abordagem correta, que foi realizada somente muito mais tarde, é se considerar a situação finita, onde as estrelas caem todas umas sobre as outras, e depois perguntar como as coisas mudarim se alguém acrescentasse mais estrelas distribuídas ao acaso fora desta região. De acordo com a lei de Newton, as estrelas extras não fariam nenhuma diferença para as originais, pois as estrelas cairiam com a mesma rapidez. Nós podemos acrescentar tantas estrelas quanto quisermos, mas elas continuarão a cair sobre si mesmas. Nós agora sabemos que é impossível ter um modelo estático e infinito do universo, em que a gravidade é sempre atrativa ...

“Outra... dificuldade é que em um universo estático infinito quase toda linha de visão terminaria na superfície de uma estrela. Assim, seria de se esperar que o céu fosse tão brilhante como o sol, mesmo durante a noite. O contra-argumento foi que a luz das estrelas distantes seria atenuada por absorção pela matéria interveniente. No entanto, se isso acontecesse, a matéria interveniente aqueceria até eventualmente brilhar com a mesma intensidade das estrelas. A única maneira de evitar a conclusão de que todo o céu noturno deveria ser tão brilhante quanto a superfície do Sol, seria admitir que as estrelas não estão brilhando desde o sempre, mas que foram ligadas em algum tempo finito no passado. Nesse caso, a matéria absorvente pode ainda não ter aquecido, ou a luz das estrelas distantes ainda não nos ter alcançado”.15

Também sabemos agora que o universo teve um começo. Como sabemos isso? Porque o universo está se expandindo - todas as estrelas estão se afastando umas das outras, e do seu ponto de origem. Se pudéssemos traçar os caminhos das estrelas para trás, iríamos encontrar um ponto no espaço e no tempo em que toda a matéria esteve toda unida - portanto, o início do universo. Hoje, os astrônomos estimam que ele começou a cerca de 15 bilhões de anos atrás.

Assim, fica a grande questão: por que Abraão daria os conceitos astronômicos falhos do século 19? Por que ele não teria dado os conceitos astronômicos falhos da antiga Babilônia (ou os antigos conceitos sumérios, etc)? Se o Livro de Abraão estava cheio de idéias astronômicas antigas e falhas, poderíamos aceitar o Livro de Abraão como um documento antigo. Mas, novamente, vemos as idéias que são claramente anacronismos que apontam estarem muito distantes de Abraão, e muito próximas de Joseph Smith.

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Notas



9a. Edward H. Ashment, "Making the Scriptures 'Indeed One In Our Hands'," in The Word of God: Essays on Mormon Scripture, ed. by Dan Vogel, publ. Signature Books, p. 245.
9b. This graphic is taken from Grant Palmer's book, An Insider's View of Mormon Origins, publ. Signature Books, 2002, p. 18. Be aware that the handwritten notation "Hyrum Smith's book" was not originally on the title page of Josephus's book, but it was on another page of the book. When Palmer, or the folks at Signature Books, created the graphic, the signature was combined with the title page in order to more clearly illustrate that this book of Josephus was owned by Hyrum
10. Grant Palmer, An Insider's View of Mormon Origins, publ. Signature Books, 2002, pp. 16-19
11. R. Grant Athay, "Astronomy in the Book of Abraão," Book of Abraão Symposium (Salt Lake City: University of Utah Institute of Religion, 3 Apr. 1970), ix, 60-61.
12. R. Grant Athay, "Astronomy in the Book of Abraão," Book of Abraão Symposium (Salt Lake City: University of Utah Institute of Religion, 3 Apr. 1970), ix, 60-61. ALSO, Grant Palmer, An Insider's View of Mormon Origins, publ. Signature Books, 2002, pp. 21-22
13. Grant Palmer, An Insider's View of Mormon Origins, publ. Signature Books, 2002, pp. 22-25
14. Stephen Hawking, A Brief History of Time: The Updated and Expanded Tenth Anniversary Edition [1998], p. 5.
15. Stephen Hawking, A Brief History of Time: The Updated and Expanded Tenth Anniversary Edition [1998], pp. 6, 7

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