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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MANUSCRITOS DO MAR MORTO - parte 1 - histórico

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 OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO - HISTÓRICO


A DESCOBERTA


Em 1947, no deserto da Judéia, no vale de Khirbet Qumran, junto às encostas do Mar Morto, vivia uma tribo semibeduína conhecida como Taamireh. 



Juma Muhammad edh-Dhib, um jovem pastor de 15 anos, cuidava das cabras do seu pai, quando deu por falta de um animal, que logo tratou de procurar (ao lado, foto de um rebanho de cabras na região de Qumran). 


O jovem, ao explorar o local, percebeu uma fenda em uma rocha e começou a atirar pedras para testar a sua pontaria.   Após várias tentativas, ouviu um ruído dentro da caverna, parecendo o som de um vaso quebrando. Curioso, foi verificar o que seria aquele barulho.  

Ao olhar pela entrada da rocha avistou grandes jarros de barro, mas ao lembrar-se da lenda do espírito mau que mora numa caverna, o Sheitan, voltou apressadamente para casa.

Ao chegar à tenda contou a sua experiência ao seu irmão mais velho, Ahmed Muhammad, que ficou muito curioso. Ahmed então pediu ao irmão para levá-lo ao local  e na manhã seguinte foram em busca dos vasos. 


Chegando ao local, Ahmed viu os vasos de barro (foto ao lado) e de imediato entrou na gruta. Acreditando que encontraria tesouros em sue interior, transferiu  todos os vasos para o seu irmão, que permanecia do lado de fora da caverna. 

Ahmed, ao sair da caverna, encontrou um embrulho feito de panos de linho. Abriu e viu um rolo feito de couro de cabras, com uma escrita desconhecida, e assim foi com todos os outros jarros. 



Outros exploradores encontraram centenas de pergaminhos em 11 cavernas.
Além destes potes com os papiros, outras cerâmicas e artefatos domésticos também foram encontrados nas grutas (foto ao lado).

Este material data do terceiro século a.C até 68 d.C., segundo testes realizados com carbono 14.


A Caverna IV (foto ao lado) foi uma das mais ricas em artefatos. Nela, forma encontrados milhares de fragmentos de 382 manuscritos diferentes. 


EXPLORANDO E ESTUDANDO OS MANUSCRITOS



Inicialmente os pastores tentaram, mas sem sucesso, vender o material em Belém. Mais tarde, o material que possuíam foi finalmente vendido para Athanasius Samuel, bispo do mosteiro ortodoxo sírio São Marcos, em Jerusalém, e para Eleazar Sukenik, da Universidade Hebraica, em dois lotes distintos. 

A autenticidade dos documentos foi atestada em 1948. Em 1954, o governo israelense, que já havia comprado o lote de Sukenik, comprou através de um representante, os documentos em posse do bispo, por 250 mil dólares.

Outra parte dos manuscritos, encontrada nas últimas dez cavernas, estavam no Museu Arqueológico da Palestina, em posse do governo da Jordânia, que então controlava o território de Qumram. 

O governo jordaniano autorizou apenas oito pesquisadores, a maioria padres católicos europeus, a trabalharem nos manuscritos. Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel apropriou-se do acervo do museu. 

Porém, mesmo com a entrada de pesquisadores judeus, o avanço nas pesquisas não foi signicativo. Apenas em 1991, com a quebra de sigilo em relação aos microfilmes que Israel havia enviado para algumas instituições pelo mundo, um número maior de pesquisadores passou a ter acesso aos documentos, permitindo que as pesquisas, enfim avançassem significativamente.

Os desdobramentos em relação aos resultados prosseguem e, recentemente, a Universidade da Califórnia apresentou o "The Visualization Qumram Project" (Projeto de Visualização de Qumram), recriando em três dimensões a região onde os manuscritos foram achados. 

O Museu de Israel já publicou na Internet parte do material sob seus cuidados e o Instituto de Antiguidades de Israel, do Museu Rockefeller, trabalha para fazer o mesmo com sua parte do material.



CONTEÚDO DOS MANUSCRITOS


Os Manuscritos do Mar Morto foram escritos em três idiomas diferentes: Hebreu, Aramaico e Grego, totalizando quase mil obras.




A maior parte dos manuscritos encontra-se gravada em pergaminhos, sendo uma pequena parcela em papiros e penas um deles em cobre (foto ao lado).



De acordo com os estudiosos, os Manuscritos estão divididos em três grupos principais: escritos bíblicos e comentários, textos apócrifos e literatura de Qumram.



Um quarto de todos os manuscritos são bíblicos, contendo todos os livros do Antigo Testamento, exceto Ester, totalizando 22 livros. Os manuscritos mais numerosos são Deuteronômio, Salmos e Isaías, sendo este último mil anos mais velho do que qualquer outro anteriormente conhecido. Ele, ao contrário dos outros manuscritos, foi escrito em "folhas" feitas de pele de cabra e costuradas uma ao lado da outra, totalizando cerca de 7 metros (foto acima).


Os Apócrifos são os livros sagrados excluídos da Bíblia e são ricamente representadas, incluindo dois livros em escrita criptográfica, um livro de Enoque e um tratado sobre o livro de Moisés.. Ao final deste texto, há uma breve referência ao Evangelho segundo Tiago.



Os da literatura são manuscritos relacionados com a sociedade, incluindo visões apocalípticas, manuais de disciplinas, hinários, comentários bíblicos, calendários e outros escritos.  

Os pergaminhos não-bíblicos mais famosos são o Manual de Disciplina, o Comentário de Habacuque, os Salmos de Ação de Graças, o antigo ritual da Ordem  da Batalha, o Gênesis Apócrifo (uma história mais completa do Genesis, incluindo uma nova história de Abraão no Egito), um "Descrição da Nova Jerusalém " e um Comentário sobre Jó.

Até agora os estudiosos em geral concordam que os pergaminhos nos ensinam, pela primeira vez: (1) a vida de João Batista, (2) a data exata da Páscoa; (3) a natureza e origem da organização da Igreja Primitiva, (4) o significado da língua estranha e os ensinamentos de João; (5) a origem do gnosticismo; (6) a natureza da Igreja como uma continuação de uma antiga tradição apocalíptica e messiânica, ignorada pelo judaísmo rabínico; (7) a natureza da terminologia estranha do Novo Testamento como continuação de uma tradição antiga; (8) da comunidade cristã, como seguidores do padrão das primeiras comunidades apocalíptica no deserto, e (9) o antigo cenáriodos hebraico-apocalíptico dos escritos de Paulo.



Portanto, oferecem uma vasta e inédita documentação sobre o período que foram escritos, revelando aspectos desconhecidos até então do contexto político e religioso no período do nascimento do Cristianismo e do Judaismo rabínico.





Um relatório parcial sobre essa descoberta, do arqueólogo inglês G. Lankester Harding, diretor do Departamento de Antiguidades da Jordânia, diz o seguinte:

"A mais espantosa revelação dos documentos essênios até agora publicada é a de que os essênios possuíam, muitos anos antes de Cristo, práticas e terminologias que sempre foram consideradas exclusivas dos cristãos. Os essênios tinham a prática do batismo, e compartilhavam um repasto litúrgico de pão e vinho presidido por um sacerdote. Acreditavam na redenção e na imortalidade da alma. Seu líder principal era uma figura misteriosa chamada o Instrutor da Retidão, um profeta-sacerdote messiânico abençoado com a revelação divina, perseguido e provavelmente martirizado."

"Muitas frases, símbolos e preceitos semelhantes aos da literatura essênia são usados no Novo Testamento, particularmente no Evangelho de João e nas Epístolas de Paulo. O uso do batismo por João Batista levou alguns eruditos a acreditar que ele era essênio ou fortemente influenciado por essa seita. 

"Os Pergaminhos deram também novo ímpeto à teoria de que Jesus pode ter sido um estudante da filosofia essênia."

Todos esses documentos foram preservados por quase dois mil anos, e sua grande importância teológica reside no fato de que a Bíblia data de uma tradução grega, feita pelo menos mil anos depois dos pergaminhos de Qumran terem sido escritos. 
Museu do Livro em Jerusalém 
Hoje, os Manuscritos do Mar Morto encontram-se no Museu do Livro em Jerusalém (foto ao lado).
 

AUTORIA DOS MANUSCRITOS


A autoria dos documentos é até hoje desconhecida. 

Com base em referências cruzadas com outros documentos históricos, ela é atribuída aos essênios, uma seita judaica que viveu na região da descoberta e guarda semelhanças com as práticas identificadas nos textos encontradas. O termo "essênio", no entanto, não é encontrado nenhuma vez em nenhum dos manuscritos.

O que se sabe é que a comunidade de Qumram era formada provavelmente por homens, que viviam voluntariamente no deserto, em uma rotina de rigorosos hábitos, opunham-se à religiosidade sacerdotal e esperavam a vinda de um messias.

A organização parece ter nascido no Egito, nos anos que precedem o Faraó Akhenathon, o grande fundador da primeira religião monoteísta, sendo difundida em diferentes partes do mundo, inclusive em Qumran. 


Para medir o tempo, os Essênios utilizavam um calendário diferenciado, baseado no Sol. Ao contrário do utilizado na época, que consistia de 354 dias, seu calendário continha 364 dias, que eram divididos em 52 semanas. Isto permitia que cada estação do ano fosse dividida em 13 semanas e mais um dia, unindo cada uma delas.

Ainda, o primeiro dia do ano e de cada estação sempre caía no mesmo dia da semana, quarta-feira, já que de acordo com Gênesis, foi no quarto dia que a lua e o sol foram criados.

Segundo os Manuais de Disciplina dos Essênios, encontrados dos Manuscritos do Mar Morto, eles eram realmente originários do Egito. 


Durante a dominação do Império Selêucida, em 170 a.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo.

No meio da corrupção que imperava, os essênios conservavam a tradição dos profetas e da Pura Doutrina. Eram pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. 


Procuravam auxiliar o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, e não tinham criados, pois acreditavam que todo homem e mulher eram seres livres. 

Era uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos. 


O silêncio era prezado por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz, para um essênio, possuía grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente.  

Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, pelo físico e pela higiene pessoal. 


O EVANGELHO SEGUNDO TOMÉ


O Evangelho de Tomé, preservado em um manuscrito copta em Nag Hammadi, é uma lista de 114 ditos atribuídos a Jesus. 

Alguns são semelhantes aos dos evangelhos canônicos de Mateus, Marcos, Lucas e João, mas outros eram desconhecidos até a descoberta desse manuscrito em 1945. 

Tomé não explora, como os demais, a forma narrativa, apenas cita - de forma não estruturada - as frases, os ditos ou diálogos breves de Jesus a seus discípulos, contados a Tomé o Gêmeo, sem incluí-los em qualquer narrativa, nem apresentá-los em contexto filosófico ou retórico. 

Duas características marcantes do Evangelho de Tomé, que o diferenciam dos canônicos, são a recomendação de Jesus para que ninguém faça aquilo que não deseja ou não gosta e a ênfase não na fé, mas na descoberta de si mesmo.

Uma boa discussão sobre esse evangelho, em português, encontra-se no livro "Além de Toda Crença: O Evangelho Desconhecido de Tomé", da historiadora Elaine Pagels, que defende a tese de que o Evangelho de João teria sido escrito para refutar o de Tomé

Obtém-se nesse livro proveitosa aula sobre o início do Cristianismo e entende-se melhor a escolha dos evangelhos canônicos e a posterior rejeição aos demais, tratados como "heréticos".


Segundo a tradição, São Tomé teria partido para as Índias acompanhado de João Crisóstomo. O escritor Panteno, segundo Eusébio, também esteve na Índia e conversou com Crisóstomo, mas nada comentou sobre Tomé. 

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Sugestão de links:


Wikipedia - Manuscritos do Mar Morto.
QUMRAN

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