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domingo, 13 de março de 2011

POLIGAMIA - Motivos para sua prática - parte 2


BASES BÍBLICAS DA POLIGAMIA


A poligamia foi e ainda é vista por muitos cristãos como uma prática detestável. Os casamentos plurais de Abraão, Davi e Salomão nunca foram apresentados por pastores, professores da Bíblia e teólogos como não-problemáticos ou completamente aceitáveis.

A POLIGAMIA NO VELHO TESTAMENTO:

1 – ADÃO

No princípio Deus criou uma só esposa para Adão e não muitas esposas. Se a poligamia pudesse ser justificada em alguma ocasião, nada mais justificável se Deus tivesse feito várias “Evas” para Adão, pois o mundo precisava ser povoado

Porém, o que vemos é uma única esposa para Adão e qualquer impossibilidade da poligamia ser usada como um propósito divino como querem os mórmons.

É importante ler que a Monogamia surgiu dos "lábios" do próprio Deus que disse:

"Portanto,deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à SUA MULHER, e serão AMBOS uma carne." (Gênesis 2:24).

2 - ABRAÃO

Abraão não apenas desobedeceu a Deus, mas demonstrou uma falta de fé nas promessas de Deus que Hagar engravidaria.

De qualquer forma, seu ato reflete as práticas pagãs de sua cultura circundante. Conforme The International Standard Bible Encyclopedia:
Sara entregando Hagar à Abraão.

“Na Mesopotâmia, os contratos de casamento frequentemente especificavam que uma mulher que provava ser infértil deveria dar sua serva ao marido a fim de produzir filhos para sua casa.

"Esta situação está de acordo com o procedimento em que a serva de Sara, Hagar,  foi dada por ela como uma esposa à Abraão (Gn 16:3) para fins de procriação. Ao aceitar este relacionamento polígamo, Abraão estava aderindo ao costume local, em vez de obedecer ao decreto divino, ou confiando na promessa de Deus, que concederia descendentes para ele”. [vol. 3, p. 901].

Em relação à poligamia, é comum ouvir dos SUDs a imprecisa declaração de que os cristãos aceitam alegremente Abraão e Moisés como verdadeiros profetas de Deus, mas condenam Joseph Smith e os SUDs do início da igreja.

Primeiro, Abraão não era, de forma alguma, um profeta semelhante à Joseph Smith. Por exemplo, o patriarca judeu não teve um séquito de devotos que esperavam dele instruções doutrinárias e liderança, nem Abraão fez declarações proféticas sobre eventos futuros. Abraão também não viveu sob explícita proscrição do Novo Testamento contra a poligamia.

Abraão tinha uma só esposa, Sara. Mas, sendo estéril por muito tempo, Sara, sabendo que prometera a Abraão um “descendente”, induziu-o a ter relações com Agar. Agar era sua escrava egípcia e, deste modo, se tornou concubina de Abraão. (Gên. 16:1-4).

3 - MOISÉS

Relativo a Moisés, não há qualquer evidência bíblica de que ele era um polígamo.

O pressuposto SUD de que Moisés era polígamo deriva de um único versículo bíblico que menciona uma mulher etíope, ou Cushita, como a esposa de Moisés (Números 12).

Representação de Moisés e Zípora
Porém, os mórmons falham ao reconhecerem que na época que a escritura menciona esta etíope como sendo a esposa de Moisés, sua primeira esposa (Zípora) estava possivelmente morta.

É preciso dizer "possivelmente" aqui porque pouco se sabe, das escrituras, sobre Zípora.  

Não se sabe quando Zípora morreu ou quando o casamento de Moisés com a etíope ocorreu. E certamente não se sabe se o casamento de Moisés com a etíope ocorreu enquanto Zípora ainda estava viva. Tal informação não é dada na Bíblia. 

Dizer o contrário é uma suposição feita por adeptos da poligamia.

4 - SAUL

Saul consultando a necromante Endor
Na Bíblia, aparece claramente a condenação de Saul e sua rejeição como rei de Israel por fazer sacríficios não autorizados e por procurar a necromante de Endor. Será que suas várias mulheres tiveram algo a ver com essa condenação?

Saul era rei e aos reis foi ordenado para não multiplicar mulheres (Deut. 17:17).

Ora, se Saul multiplicou mulheres, certamente ele foi condenado por quebrar esta lei Deus para os reis. Não é por que Deus não repetiu esta condenação que Saul não foi condenado!

5 - DAVI

A passagem de 2 Samuel 12, 7-10.13 diz coisas importantes pertinentes à este assunto:

Natã admoesta Davi
7-9 – “Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul; E te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas. Porque, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste à espada, e a sua mulher tomaste por tua mulher; e a ele mataste com a espada dos filhos de Amom.”

Primeiro, seria extremamente difícil Davi receber esposas de Saul, pois:

1) Saul tinha apenas uma esposa e uma concubina (1 Sam. 14:50), e 

2) Abner apropriou-se da concubina de Saul (2 Sam. 3:7).

Em segundo lugar, no Oriente era costume geral que o sucessor de um rei levasse tudo que aquele rei possuísse. Seu país, o seu trono, seu harém, seus tesouros, tudo!

Isso indicava uma completa mudança de poder e autoridade. O que temos aqui é Deus dizendo a Davi, basicamente:

"Qual é o seu problema? Eu te dei tudo o que havia para dar. Eu lhe dei todo o reino de Saul. Nada foi deixado para trás, mas você ainda se comportado como se não fosse o suficiente."

Não há documentação que indique que David realmente tomou qualquer esposa de Saul.

Mesmo que por uma questão de discussão dissermos que Deus deu a Davi algumas esposas de Saul, embora ainda desconhecidas, isto seria apenas um aspecto do reinado de Saul que naturalmente iria para David.

Esta declaração não seria para promover a poligamia e sim uma expressão de Deus comunicando uma tradição oriental bem conhecida, que envolvia a transferência da autoridade real.

Novamente, existem paralelos ao divórcio e à escravidão. Deus permitiu estas atividades, tolerando-as, e até mesmo fez provisões para proteger as mulheres e as crianças envolvidas, mas não há nenhum mandamento sobre elas.

Prestemos atenção nos versículos seguintes:

10-12 – “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.”

Fica claro que Davi seria punido pelo crime que cometeu,

13 – “Então disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. E disse Natã a Davi: Também o SENHOR perdoou o teu pecado; não morrerás.”

Muitos mórmons baseiam-se na seguinte escritura para justificar a “aprovação de Deus” a todos os atos de Davi:

Davi cobiçando a esposa de Urias
"Porquanto Davi fez o que era reto perante o SENHOR, e não se desviou de tudo quanto lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu." (I Reis 15:5)

A afirmativa em questão não é, de forma alguma, um pronunciamento de que Davi seria isento de pecados, por várias razões.

1) É um erro supor que Davi não tivesse outros pecados! O próprio Davi confessou a Deus outros pecados além do caso de Urias. Por exemplo, ao numerar o povo.

"Então disse Davi a Deus: Gravemente pequei em fazer este negócio...(1 Crônicas 21:8)

E, ainda:

"E disse Davi a Deus: ...Eu mesmo sou o que pequei"... (1 Crônicas 21:17)

2) Ela é uma caracterização geral e verdadeira da vida de Davi. Veja bem, assim como Jó não foi um homem sem pecado, mas foi chamado de “integro e reto”(Jó 1:1), assim também a vida de Davi era sem falhas maiores.

3) Esta boa referência sobre Davi não tem uma amplitude absoluta, mas é relativa a todos os pecados que Abias havia cometido (1Reis 15:1-3). Davi fez, com uma grande exceção “o que era reto perante o Senhor” (1Reis 15:5)

4) Mesmo após pecar, ele fez o que era reto, ou seja, arrependeu-se imediatamente ao ser confrontado por Deus (1Cro 21:8)

5) A frase “não se desviou” indica que Deus está falando da direção geralmente firme da vida de Davi, e não de pecados específicos. Isso poderia explicar por que outros pecados de Davi não são mencionados - eles não impediram que Davi seguisse na vida de serviço ao Senhor.

6 - SALOMÃO



É bem conhecido que Salomão tinha muitas esposas e concubinas. Mas nem todos sabem que assim ele violava a ordem claramente expressa de Deus de que o rei:



"tampouco deve multiplicar para si esposas, para que seu coracão não se desvie" (Deut 17:17).

Deve-se também notar que, por causa da influência de suas esposas estrangeiras, Salomão se voltou para a adoracão de deuses falsos e

“comecou a fazer o que era mau aos olhos de Deus, e Deus ficou irado com Salomão”(1Reis 11:1-9).

Ao compararmos Davi com Salomão, veja o que diz em 1 Reis 11:4:


Salomão e a Rainha de Sabá

“- Pois sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e seu coração já não era perfeito para com o Senhor seu Deus, como fora o de Davi, seu pai”.

Observe que o contraste entre Salomão e Davi encontra-se no fato de que, enquanto Salomão foi seduzido por suas mulheres a adorar outros deuses, Davi adorou apenas o Deus de Israel.

Embora Davi tivesse cometido alguns pecado muito graves, ele nunca adorou nem serviu outros deuses. O seu coração foi completamente fiel ao Senhor, e a sua fé lhe foi considerada como justiça.

No próprio Livro de mórmon, em Jacó 2: 23-24, lemos:

“23 Mas a palavra de Deus me oprime por causa de vossos crimes maiores. Pois eis que assim diz o Senhor: Este povo começa a tornar-se iníquo; eles não entendem as escrituras, pois procuram desculpar-se por cometer libertinagens, por causa das coisas que foram escritas com referência a Davi e seu filho Salomão.

“24 Eis que Davi e Salomão realmente tiveram muitas esposas e concubinas, o que foi abominável diante de mim, diz o Senhor.”

7 - OUTROS

1 - Gênesis 20:17:

“E orou Abraão a Deus, e sarou Deus a Abimeleque, e à sua mulher, e às suas servas, de maneira que tiveram filhos"

Relativamente a este versículo, alguns pensam que Deus, curando um harém de um rei pagão, a pedido de Abraão, seria de alguma maneira um endosso à poligamia. Mas essa aprovação da poligamia não está realmente presente no texto.

2 - Gênesis 38:8

“Então disse Judá a Onã: Toma a mulher do teu irmão, e casa-te com ela, e suscita descendência a teu irmão.”

Este versículo refere-se simplesmente a Onã cumprindo o casamento levirato, onde um homem deveria engravidar a mulher de seu irmão falecido, se o irmão não teve filhos antes de morrer.

"E Moisés consentiu em morar com aquele homem; e ele deu a Moisés sua filha Zípora" (Ex. 2:21).

Este verso simplesmente refere-se ao casamento de Moisés. Moisés também casou-se com uma mulher etíope ou cusita

“E falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cusita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cusita.” Num. 12:1

Estas duas passagens não dão nenhuma confirmação indicando que Moisés casou-se com a etíope enquanto Zípora ainda estava viva.

3 - Isaías 4:1

Esta é uma das referência mais interessantes usada pelos SUDs, ao tentarem mostrar que Deus sancionou a poligamia:

“E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos do que é nosso; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.”

Infelizmente para os Mórmons, essa passagem prevê o aumento da poligamia como resultado da condenação divina, e não como bênção divina. E o local de realização da profecia é Israel, não a América.

O contexto de Isaías 4:1 (contexto sendo algo geralmente ignorado) gira em torno do julgamento sobre Israel. Deus condena as mulheres de Jerusalém, no capítulo 3, versículos 16, 17, dizendo:

"Diz ainda mais o SENHOR: Porquanto as filhas de Sião se exaltam, e andam com o pescoço erguido, lançando olhares impudentes; e quando andam, caminham afetadamente, fazendo um tilintar com os seus pés”

“Portanto o Senhor fará tinhoso o alto da cabeça das filhas de Sião, e o SENHOR porá a descoberto a sua nudez”

A condenação do Senhor continua com o restante do capítulo 3, que conclui: 

 
“25 Teus homens cairão à espada e teus poderosos na peleja. 26 E as suas portas gemerão e prantearão; e ela, desolada, se assentará no chão.”

Capítulo 4, versículo 1, explica o resultado final do julgamento e condenação:  



"E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem, dizendo: Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos do que é nosso; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.”



Os renomados estudiosos da Bíblia, CF Keil e F. Delitizsch fazem as seguintes observações em seu conhecido comentário sobre o Antigo Testamento:

Efeitos da guerra
“Quando a guerra é assim severa, varrendo os homens de Sião, o efeito lógico é que as mulheres irão em busca de maridos, e não os homens em busca de esposas ...

“A divisão dos capítulos está errada aqui, pois este verso é o verso de encerramento da profecia contra as mulheres e as filhas de Sião, cada uma delas agora pensando ser mais importantes como a esposa deste ou daquele homem, e para as quais muitos homens seriam agora os pretendentes.

“Elas terminarão nesta auto-humilhação antinatural, onde sete delas irão se oferecer ao mesmo homem, ao primeiro homem que se apresentar, e até mesmo renunciarão à reivindicação do direito sobre o marido em troca de roupas e alimentos (Ex. 21:10) ...
“Ele só irá tirar sua reprovação (a saber, a vergonha de ser solteira, cap. 54:4, como em Gen. 30:23, de estar sem filhos), deixando-as serem chamadas de suas esposas ...

“No capítulo 4:1, a sua ameaça contra as mulheres de Jerusalém é levado a um fim. Por um lado, a parte denuncia a ameaça contra os governantes da nação. E essas duas cenas do julgamento foram só algumas partes do julgamento geral que cairá sobre Jerusalém e Judá, como um estado ou comunidade nacional.” (C.F. Keil and F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament  (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1996), vol. 7, 97-98.)

Também é significativo como é sempre citado apenas a parte do versículo:

Idosa Israelense
"E sete mulheres naquele dia lançarão mão de um homem"

mas é totalmente esquecido o restante da profecia que diz:

"Nós comeremos do nosso pão, e nos vestiremos do que é nosso; tão-somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.”

Algum SUD está disposto a dizer que as esposas polígamas dos primeiros líderes SUDs concordaram em não receber qualquer apoio financeiro de seus maridos? Certamente não.

Houve, de fato, uma guerra em que haviam tão poucos homens, que várias mulheres SUDs começaram a procurar um único homem para se casar? Dificilmente. Era sempre os homens SUDs procurando mais esposas. Este é, de fato, uma passagem que descreve o resultado do julgamento sobre Israel.

ARGUMENTO SUD

"A Bíblia não condena a poligamia, e de fato indica claramente que muitos homens tementes a Deus a praticaram."

Este é um argumento muito interessante porque justapõe duas questões totalmente independentes.

A primeira parte (ou seja, se a Bíblia condena a poligamia) é o tema principal. Mas a segunda questão (ie, "homens tementes a Deus a praticaram") não tem qualquer influência sobre a primeira parte.

A prática da poligamia por alguns homens piedosos do Antigo Testamento, que também eram pecadores, não leva à conclusão lógica que Deus aprovava seus comportamentos. 

Os homens santos no Antigo Testamento também mentiram (Abraão), recorreram ao assassinato (David), e cometeram incesto (Noé). Será que isso significa que tais práticas eram adequadas ou ordenadas por Deus? Dificilmente.

Além disso, ligar as duas partes que são independentes diverge do tipo de paralelismo que a estrutura gramatical deste argumento exige. Ou seja, o argumento deveria ser:

"A Bíblia não condena a poligamia, e de fato Deus claramente comandou os homens tementes à Ele que a praticasse."

Mas tal afirmação não poderia ser feita, pois em nenhum lugar Deus perdoa ou comanda a poligamia. Assim, duas questões independentes foram deliberadamente justapostas:

1) se a Bíblia condena ou não a poligamia e
2) se os homens tementes a Deus praticavam ou não a poligamia

O problema real com a poligamia tem mais a ver com as claras passagens do Novo Testamento que, explicitamente, instruem os fiéis, especialmente os líderes da igreja, a viverem em relações monogâmicas. 

Além disso, um número de passagens do Antigo Testamento indicam que a união matrimonial ideal é a monogamia, não a poligamia. Considere o seguinte:

1) O padrão de casamento estabelecido na história da criação do Gênesis indica que o ideal bíblico para o casamento é a monogamia.

Em Gênesis, lemos que Deus decidiu, após criar o primeiro homem (Adão), que ele não deveria estar sozinho. Eva (uma mulher) foi criada para ele. Esta é a primeira indicação de que uma mulher para um homem é o desejo de Deus. Isto é reforçado por:

"...far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele." (Gn 2:18).

Em outras palavras, Deus fez UMA mulher para Adão. Novamente, a união ideal é um para um, em vez de vários para um. A tão citada passagem instrutiva que se segue ressalta novamente a proporção um para um:

"Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher[singular], e serão ambos uma carne" (Gn 2: 24).
Lilith


NT: No Zohar, Lilith é criada antes de Eva. Mas apenas após abandonar Adão,  Eva é criada. Nunca houve uma vivência concomitante dos três, portanto, este caso também não pode ser usado como exemplo de poligamia.



Lameque, o bígamo

2) O primeiro lugar em que a poligamia aparece na Bíblia (Gênesis 4:19) é significativo. Trata-se de Lameque, o primeiro bígamo.

Longe de ser um personagem admirável, ele é um violento membro da tribo Cainita, um descendente do infame Caim (Gn 4:1-8). 

Ele é um homem em quem é visto "[o] poderoso desenvolvimento da mente mundana e da impiedade", seis gerações após Adão (CF Keil e F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament [Peabody, MA: Hendrickson Publishers, edição de 1996], vol. 1, 73).

Em sua "canção da espada",  por exemplo, Lameque se orgulha de ter matado um homem e um menino, e então se gaba de que, se alguém o prejudicasse, receberia sua vingança (Gênesis 4:23-24). 

É este o tipo de personagem que Deus usaria para criar esse tipo de prática, a alegada e abençoada poligamia? Provavelmente não.

3) Os resultados das uniões poligâmicas no Antigo Testamento são decididamente negativos e produzindo conflitos e tumultos exclusivos da poligamia.

4) Há ausência completa de qualquer versículo do Antigo Testamento em que Deus exalta a poligamia como virtuosa. No entanto, existe um versículo com um aviso explícito aos reis hebraicos para não multiplicarem esposas porque isso levaria seus corações para longe de Deus (Dt 17:17).

5) Em Provérbios, escritos por Salomão, os versículos relacionados com o casamento não recomendam a poligamia, mas sim sugerem a monogamia:

"A mulher virtuosa [e não as mulheres virtuosas] é a coroa do seu marido, mas a que o envergonha é como podridão nos seus ossos." (Pv 12:4).

“Mulher [e não mulheres] virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. O coração do seu marido está nela [e não nelas] confiado; assim ele não necessitará de despojo. Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra.” (Provérbios 31:10-11, 23).

6) Malaquias 2:13-16 mostra que, até o século V aC, a fidelidade entre uma mulher e seu marido "ainda é promovida como um paradigma da relação que deve existir entre Israel e o seu Deus exaltado e usado como um retrato da relação entre Deus e Israel" (The International Standard Bible Encyclopedia, vol. 3, 901).

O PREÇO DA POLIGAMIA

No Antigo Testamento, a poligamia é comumente vista pelos cristãos como um estilo de vida ímpio, que Deus tolerava devido à dureza do coração dos homens.

A própria Bíblia descreve vários casos de poligamia como exemplos de homens desviando-se da retidão. No Velho Testamento, é mostrado qual o preço pago por estes homens polígamos.

Abraão, por ter aceitado a sua concubina como esposa, gerou lutas incessantes, amargura, raiva e ciúme atormentam suas duas “esposas” (Sara e Agar), ambas sofrendo grande angústia emocional, especialmente Agar (Gn 21:8-16). 
Agar e Ismael


Após Agar ter seu filho, Sara engravidou e deu à luz Isaque. Assim que deixou de amamentá-lo, expulsou Agar e seu filho para o deserto.

O filho de Agar - Ismael - acabou tornando-se, para Israel, um inimigo que vive até hoje, que são os esmaelitas – na sua maioria atual, de fé muçulmana (Gn. 16, 21). 



As esposas de Jacó (Raquel e Lia), embora irmãs, tiveram muitas rixas e seu relacionamento dilacerado pela amargura (Gn 30:15).

Jacó e Raquel
Lia e Raquel





















O próprio Jacó teve uma vida sofrida, penou muito e chegou a trabalhar de maneira escrava. Os seus dias foram muito difíceis (Gn. 32-50).

O atrito entre as esposas de Elcana (Ana e Penina) causou desgosto e raiva em Ana (1 Sam. 1:1-10).

Sansão pagou com a própria vida por ter cometido a poligamia (Juízes 14-16).

Davi foi duramente repreendido pelo profeta Natã por ter se envolvido com Bate-Seba e pagou o preço de perder quatro filhos e não ter podido construir o Templo para Deus (Leia o livro de Samuel, Reis e Crônicas).

David ainda alimentou seu desejo pela esposa de um homem (Urias) a ponto de levá-lo a cometer assassinato, mesmo que indireto. (2 Sam. 11).

Salomão em idolatria

Salomão foi um sábio homem, mas mostrou desobediência ao se envolver com a poligamia. 

Suas várias esposas contribuiram para sua queda na idolatria (I Reis.11:1-8).


Pelos casos acima, podemos observar que Deus nunca aprovou e nem abençoou a poligamia. Pelo contrário, o fruto da poligamia resultou em tragédias para os servos de Deus. O próprio Senhor Jesus disse

“Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio” (Mateus 19:8).

A POLIGAMIA NO NOVO TESTAMENTO

Na vinda de Jesus Cristo, muitas coisas foram alteradas. O Novo Testamento elucida quanto ao assunto e a vontade de Deus para o casamento.

Vejam que o texto conhecido como “carta de divórcio” diz (Mateus 19:7-9).

“7Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? 8 Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim. 9 Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.”

Este trecho não fala especificamente sobre a poligamia, mas elucida um ponto importante: “por causa da dureza dos vossos corações”.

Ou seja, devido à dureza do coração dos homens, muitas coisas foram permitidas por Deus do Velho Testamento. Mas certamente não foram mandamentos, pois se o fosse, o próprio Deus estaria contribuindo para manter a dureza dos corações dos homens.

Certo missionário mórmon declarou o seguinte:

“Deus permitiu a poligamia, no começo da Igreja Mórmon, por causa da perseguição. As mulheres ficavam sem maridos (pois eram mortos em conflitos) havendo assim a necessidade de serem esposas dos homens que estavam vivos – isso era independente de constituir poligamia ou não. O importante era deixar descendência.”

Tal explicação é totalmente incompatível com a realidade – veja AQUI. - e chega a ser vulgar e de baixo calão.

Certamente seria muito mais fácil a conversão de mais pessoas ao mormonismo do que Deus mandar desobedecer a sua própria palavra. Os apologistas do mormonismo argumentam arvorando essa linha de raciocínio para tentar, de alguma maneira, justificar a vida promíscua de seus líderes. O problema é que isso não pode ser aceito pela visão neotestamentária:

“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, temperante, sóbrio, ordeiro, hospitaleiro, apto para ensinar” I Tm. 3:2)

“Alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher” (Tit. 1:6)

“Mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher (e não mulheres) e cada mulher seu próprio marido (e não maridos)” (I Cor. 7:2 – o parênteses é nosso para o maior esclarecimento)

Assim, de acordo com a Bíblia, no que se refere a um verdadeiro servo de Deus e líder cristão, Smith foi um homem que viveu muito longe de tal realidade.

No texto de coríntios, o apóstolo Paulo, mostra e confirma com clareza a vontade de Deus. Ele diz:

“cada homem tenha sua própria mulher”

e não “suas mulheres” no plural, ou seja, o que passar de mais de uma esposa é considerado caso de prostituição.

Vários versículos do Novo Testamento dirigem não apenas os Bispos / élders a terem apenas uma esposa, mas também impõem que cada homem tenha sua própria esposa (Tim.3 1: 2; Tito 1:6, 1 Coríntios 7:2).

“Não lestes que aquele que os criou desde o princípio os fez macho e fêmea, e disse: ‘Por esta razão deixará o homem seu pai e sua mãe, e se apegará à sua esposa, e os dois serão uma só carne’? De modo que não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus pôs sob o mesmo jugo, não o separe o homem.” — Mat. 19:3-6.

Por conseguinte, o verdadeiro cristão não pode ser polígamo. O apóstolo Paulo, seguindo a orientação de Jesus, escreveu:

“Tenha cada homem a sua própria esposa e tenha cada mulher o seu próprio marido.” (1 Cor. 7:2)

Também aconselhou que

“a esposa não se afaste de seu marido; mas, se ela realmente se afastar, que permaneça sem se casar, ou, senão, que se reconcilie novamente com seu marido; e o marido não deve deixar a sua esposa.” (1 Cor. 7:10, 11)

Paulo também escreveu sobre si mesmo, e seus concristãos que lideravam, como exemplos:

“Será que não temos autoridade para levar conosco uma irmã como esposa, assim como os demais apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas?” — 1 Cor. 9:5.

O simbolismo bíblico é usado para descrever a igreja como a noiva de Cristo, uma noiva (singular) que é carinhosamente tratada pelo Salvador (Joel 2:16, João 3:29, 2 Coríntios. 11:2; Ef. 5:24-31; Rev. 19:7; 21:2-9).

Esta ilustração é transferida para a relação conjugal entre um homem e uma mulher. Essa analogia (ou seja, Cristo/Igreja para Marido/Esposa) seria inválida no seu conteúdo se houvesse a poligamia. Efésios 5:31,33 acrescenta:

“Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher [singular]; e serão dois[não três ou quatro] numa carne...Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.”

Como pode ser visto, o adultério não tem qualquer influência em qualquer um dos oito pontos acima, portanto podemos inferir que Deus, longe de defender a poligamia no Antigo Testamento, a tolerava na vida dos homens que Ele escolhia para trabalhar na história humana.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A poligamia evidentemente não era praticada pela maioria da nação de Israel; limitava-se primariamente aos mais destacados e ricos, embora não fosse exclusiva destes. (Juí. 8:30; 2 Crô. 11:21)

Os reis terem muitas esposas era uma espécie de ‘símbolo de categoria social entre as nações. — 2 Sam. 16:20-22.

A Lei Mosaica desencorajava a poligamia e protegia as Mulheres???

As provisões da Lei eram tais que na realidade desencorajavama poligamia. Cada vez que o homem tinha relações sexuais com sua esposa, ficava impuro, no sentido religioso, por um dia. (Lev. 15:16, 17) 

Assim, ter relações com várias esposas tornariam as coisas inconvenientes, com maior frequência para o hebreu, pois a impureza impedia o homem de empenhar-se em várias atividades religiosas. (Lev. 7:20, 21; 1 Sam. 21:3-5; 2 Sam. 11:11)

Assim, do ponto de vista cristão, embora Deus regulasse a poligamia, não seria apropriado abolir o costume entre seu povo naquela época, assim como não o fez.

Com o aparecimento de Jesus Cristo na terra, chegou o tempo para se começar a endireitar as coisas. Ele tornou claro o padrão monógamo da parte de Deus, e do divórcio bíblico apenas à base de adultério. (Mat. 19:9)

Quando os fariseus perguntaram por que Deus não fez vigorar este padrão em Israel, Jesus replicou:

“Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos fez a concessão de vos divorciardes de vossas esposas, mas este não foi o caso desde o princípio.” — Mat. 19:7, 8.

Em harmonia com o que Jesus disse, Jeremias, o profeta, há muito predissera uma mudança nos tratos de Deus quando viesse o novo pacto, baseado no sacrifício de Cristo. Disse Jeremias:

“‘Eis que vêm dias’, é a pronunciação de Jeová, ‘e eu vou concluir um novo pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá; . . . Vou pôr a minha lei no seu íntimo e a escreverei no seu coração.’” — Jer. 31:31-33; Heb. 10:16-18.

O novo pacto abrandaria a dureza do coração dos incluídos nele. A lei não seria algo simplesmente escrito em tábuas de pedra.Seria escrita nos corações.

Ademais, vemos que até mesmo com a vinda de Cristo, nem todas as coisas foram endireitadas de imediato. Depois de ensinar a seus discípulos por três anos e meio, Jesus lhes disse, na noite anterior à sua morte:

“Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não sois atualmente capazes de suportá-las.” (João 16:12)

Os humanos não conseguem fazer, de imediato, todas as mudanças necessárias em sua vida, todas elas num curto período de tempo. Os primitivos cristãos hebreus, por exemplo, tinham muito que aprender quanto a livrar-se de muitas das tradições judaicas. Tinham de ser corrigidos pelos apóstolos em relação a vários assuntos

Portanto, nem todas as mudanças foram impostas de uma só vez. — Rom. cap. 14; Atos 15:1-29.

Esse era o caso da poligamia. Devido à ‘dureza dos corações’ dos judeus, Deus não forçou a mudança. Não era a coisa importante naquele tempo, como explica o apóstolo Paulo:

“Por que, então, a Lei? Ela foi acrescentada para tornar manifestas as transgressões, até que chegasse o descendente a quem se fizera a promessa.”

“No entanto, antes de chegar a fé, estávamos sendo guardados debaixo de lei, entregues juntos à detenção, aguardando a fé que estava destinada a ser revelada. A Lei, por conseguinte, tornou-se o nosso tutor, conduzindo a Cristo . . . Mas agora que chegou a fé, não estamos mais debaixo dum tutor.” (Gál. 3:19, 23-25)

Deus fez dos judeus uma nação separada por lhes fornecer a Lei. Mas, até por Ele regular a poligamia, havia uma separação, pois nenhuma das nações possuía tais leis sobre o assunto.

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Fontes:




4 comentários:

  1. Olá, INVESTIGADORA, bom dia!
    Esses escritos que vc traduz, sobre a poligamia, bem como outras fontes que possuo, são de um valor inestimável para que as pessoas possam conhecer o que, de fato, é o mormonismo!
    Obrigado por sua dedicação à estas traduções!

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  2. Emerson

    Obrigada pelo apoio.

    E se você quiser dividir seu material - se estiver em algum blog - coloque o endereço aqui.

    Quanto maior o número de pessoas divulgando a verdade, maior a chance dela chegar aos que se interessam por ela!

    Abs

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  3. Mesmo que houvesse inúmeras passagens na Bíblias apoiando a poligamia, de nada serviria para comprovar que foi instituída por Deus. Tudo que se afirma numa página da Bíblia, se nega na seguinte. Sou mais George W. Foote quando diz que "as mulheres ainda sentirão orgulho por não terem jamais contribuído com uma linha sequer na redação da Bíblia".
    Mas o post é útil porque algumas pessoas adoram argumentar usando a Bíblia. Para elas, o que está escrito lá, é lei. Então podemos usar da mesma ferramente enferrujada para responder.

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  4. Entendo perfeitamente, Nilde.

    Mas so SUDs se apóiam na Bíblia para defenderem a poligamia. Por isso fiz este post.

    O interessante é que se esquecem completamente das passagens no "livro mais perfeito da terra" - o LdM, claro - que condena claramente a poligamia.

    Hipocrisia pouca é bobagem!

    Enfim, nada como alguns esclarecimentos contextualizados.

    Abs

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