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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Declaração de um mórmon gay







Jay Bell (1948-2003)
Quando a Igreja discrimina

Por Jay Bell

Em minha condição de gay mórmom, sinto que esta religião, cujos principios valorizo, me está discriminando. Afortunadamente há um punhado de pessoas que não discriminam, porém são a exceção. 


A triste realidade é que, por ser gay, sou em minha religião um "cidadão de segunda classe". Ainda que o Presidente da Igreja disse que temos que amar os gays, a verdade é que a Igreja continua ensinando que ser gay é uma conduta "repugnante" e "perversa" que, a menos que o gay se arrependa, será conduzido à condenação eterna.

Em 28 anos de publicações, a revista oficial da Igreja The Ensign [o equivalente em inglês a A Liahona], tem somente dois comentários positivos quanto aos gays. 

Como reagimos quando o Apóstolo Richard G. Scott, uma das figuras mais altas da Hierarquía mórmom, declara que "uma filha lésbica [e presumidamente, um filho gay] não pode permanecer na Igreja"? (citação publicada no periódico Los Angeles Times em 9 de setembro de 1997).
 

O Presidente/Profeta da Igreja Mórmom, Gordon B. Hinckley, disse que talvez eu possa permanecer na Igreja, porém devo fazê-lo debaixo de severas condições. 

Primeiro, disse que na Igreja "amamos [aos gays e as lésbicas] como filhos e filhas de Deus", porém depois declara que eu, por ser gay, não posso expressar meu amor numa relação monogâmica com um companheiro. 

Disse que "não podemos ficar sem fazer nada se [as pessoas gays e lésbicas] se entregam a atividades imorais, se intentam sustentar, defender e viver o que chamam de matrimônio de pessoas do mesmo sexo." Disse que "desejamos ajudar essas pessoas" porém não explica à Igreja como ajudá-las, e me nega o que eu tanto desejo e necessito (Ver discurso da Conferência Geral, de 4 de outubro de 1998).

Que alternativa me resta? Tenho que fechar minha necessidade de amar debaixo de sete chaves para sempre? Tal coisa é psicológicamente danosa.


De acordo com a doutrina da Igreja Mórmom, não tenho esperança de entrar no grau mais alto do céu. Para ganhá-lo, tería que casar-me com uma mulher nesta vida e pela eternidade. Em minha condição de homem gay, eu não quero casar-me com alguém a quem não posso consagrar-me por completo no emocional, no físico, e no espiritual. Fazer-lo sería uma tragedia e uma injustiça com a outra pessoa.
Se eu casar-me com uma mulher, nós nunca saberíamos o que é a completa vida conjugal. 

De acordo com a teologia mórmom, o mais alto que posso aspirar na exaltação é ser um servo dos que se casaram. Em minha condição de gay mórmon, a Igreja exige que eu permaneça celibatário. Porém, por que negar-me o privilégio de amar alguém?

Além de proibir-me o privilégio de amar alguém, a Igreja ignora toda a evidência científica sobre as bases biológicas da homossexualidade. Por haver nascido como uma pessoa gay dentro do mormonismo, fico teologicamente atrapalhado e condenado.


Em honra aos ensinos de Cristo, a Igreja publicou um hino entitulado "Amai a outros" (Hino 203). Já não é hora de começarem a pastorear também entre os membros gays e membros lésbicas? 


Me entristece que minha igreja, que tanto padeceu no século 19 por suas práticas matrimoniais e religiosas, persiga agora a uma pequena minoria dentro de suas próprias filheiras. Minha igreja impede que esta minoría encontre um companheiro, alguém com quem fazer um compromisso de amor perante Deus e perante o mundo.

Os líderes estão usando a mesma retórica que os inimigos da Igreja usaram contra eles no século 19. É um absurdo.


Me pergunto: Será que a hierarquia mórmom teme os matrimônios gays porque seria um matrimônio de iguais? Seria algo totalmente novo na igreja Mórmom. Para mim e para muitos outros, esta é uma questão que nos angustia profundamente.

4 comentários:

  1. Eu acredito que a igreja não terá braços para nadar contra a maré por muito tempo ainda. Quando a situação ficar insustentável, ela receberá uma "revelação" providencial e, então, os gays e lésbicas serão aceitos normalmente. Os anos passarão e terá mais lixo escondido debaixo do tapete e a igreja agindo como se nunca tivesse dito coisa alguma contra homossexualismo. Não será a primeira vez que terá essa atitude, muito menos a última.

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  2. Pois é, antigamente os negros não podiam receber o sacerdócio. Depois veio a "revelação" de que eles também deveriam recebê-lo, desde que sejam dignos para isso, conforme a doutrina da igreja. Apavora-me ver como eles têm respostas para tudo, mas para a questão da homossexualidade, a resposta sempre ficará para a outra vida, pois Deus não revelou tudo agora. MAs é agora que os membros gays e lésbicas vivem em contínuo desespero, quando não se afastam. A vida futura acho que a Deus pertence.

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  3. Giulliano

    Acredito que a igreja JAMAIS mudará sua postura em relação aos homossexuais. Infelizmente, essa instituição só muda quando a lei a ameaça ou quando há risco de perder muito, mas muito dinheiro. Foi assim com a poligamia - a igreja começou a perder todos os seus bens para o governo - e com os negros -o templo no Brasil estava para ser inaugurado quando veio a famosa revelação sobre o sacerdócio para todos, em um país altamente miscigenado.

    Agora pense bem: qual o ganho que a igreja terá ao aceitar os homossexuais? Nenhum. Ao contrário, perderá os membros radiciais e perderá dizimistas...

    É simples assim! E feio assim.

    Abs

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  4. Oi Investigadora,
    Eu também acho difícil a igreja mudar de opinião.
    Ela apenas vai "maqueando" suas declarações. Se uma autoridade da igreja fizer uma declaração ou discurso atacando os homossexuais, várias entidades (em especial nos EUA) vão protestar e dias depois a igreja dará uma versão mais light (como aconteceu em um recente discurso do Boyd K. Packer). Mas nas entrelinhas só se enxerga preconceito. Isto tem levado a várias pessoas, que são membros da igreja e homossexuais, a pensarem sériamente no suicídio. Várias já fizeram. Outras vão fazer infelizmente. Será que a igreja não pensa que será responsabilizada pela perda destas vidas? É muita hipocrisia...

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