O Salt Lake Messenger, em abril de 1986, publicou o seguinte:

"Muitas pessoas estão preocupadas se, quando Mark Hofmann vier a julgamento, haverá algum tipo de encobertamento para proteger a igreja Mórmon. Um medo que tem sido expresso é que o Ministério Público pode dar tratamento preferencial aos líderes mórmons.

"Nossa maior preocupação, entretanto, é como os advogados do Sr. Hofmann irão lidar com esse caso. Tudo indica que Hofmann está cheio de dívidas e não teria como pagar a sua defesa. Uma vez que o caso é tão complicado, os honorários legais poderiam chegar a um milhão de dólares. Enquanto seus advogados falavam anteriormente sobre uma criação de um fundo de defesa pública, indicam agora que os fundos se tornaram disponíveis a eles. Nosso medo é que a igreja possa, direta ou indiretamente, estar fornecendo fundos para a defesa Hofmann.

"Enquanto não haveria nada ilegal sobre isso, a Igreja tem certamente seus próprios interesses em como este julgamento será conduzido. Se os advogados de Hofmann estão recebendo dinheiro da igreja ou de seus dirigentes, eles podem se sentir obrigados, de alguma forma, a fazer com que a igreja não passe por qualquer constrangimento em relação a como lidou com os documentos de Hofmann. Isto poderia influenciar quais testemunhas os advogados de Hofmann chamaram e como os líderes da Igreja serão questionados. Além disso, poderia tornar difícil a intimação para mostrar os documentos que a igreja tem em sua posse.

“Por exemplo, se a história de Oliver Cowdery realmente fala sobre salamandras aparecendo para Joseph Smith, esse documento poderia ser uma prova, na tentativa de apoiar as reivindicações sobre a autenticidade da carta da Salamandra. Se a igreja estiver pagando as contas do processo, no entanto, é improvável que os advogados embaraçem os líderes da igreja exigindo que a carta torne-se parte do registro público. (Seria, naturalmente, de nenhuma ajuda se o Ministério Público pudesse mostrar que Hofmann teve acesso a ela).

"Neste momento não temos nenhuma evidência de que a igreja esteja pagando qualquer das despesas do processo do Sr. Hofmann. Sabemos, no entanto, que a igreja estava disposta a pagar uma grande soma de dinheiro para se livrar de documentos embaraçosos. Também é razoável concluir que os líderes da igreja gostariam de manter suas relações secretas com estes documentos fora do conhecimento público. As Autoridades Gerais, por isso, provavelmente farão de tudo para mostrar o lado bom de Hofmann. Ele sabe muito em sobre as negociações que ocorreram entre eles em relação aos documentos secretos.

“Embora os líderes da igreja não pudessem resistir à tentação de esconder documentos constrangedores, esperamos que eles tenham aprendido a lição e não tentem influenciar o curso do julgamento com o seu dinheiro ou poder. De qualquer forma, o cancelamento do fundo de defesa pública de Hofmann é certamente um outro mistério nesse caso bizarro. Mesmo que algumas pessoas ou organizações estivessem dispostos a dar uma grande quantia de dinheiro para a defesa Hofmann, poderíamos pensar que eles esperariam que o fundo de defesa ser primeiro criado, e apenas depois pagariam o montante levantado através do apoio ao fundo público.” (http://www.utlm.org/onlinebooks/trackingch4.htm)

Ser enganado por uma falsificação é compreensível, um erro humano. Todos nós cometemos erros.

Então, por que isto é imperdoável quando uma pessoa da liderança mórmon comete esse erro? A resposta para isso é que os líderes SUD clamam, há muito tempo, que eles são imunes a enganos devido à natureza do seu chamado.

Veja a seguinte declaração de Bruce R. McConkie, um ex-membro do Quórum dos Doze Apóstolos:

"... o dom do discernimento de espíritos é derramado sobre os oficiantes presidentes do reino de Deus. Eles o recebem para discernir todos os dons e todos os espíritos, para que nenhum vá entre os santos e os engane.

".... O poder do discernimento não funciona perfeitamente sem revelação. Dessa forma, mesmo ‘os pensamentos e intenções do coração’ são mostrados ....

"Sempre que os Santos estão preocupados ... o seu Senhor espera que eles discirnam, não apenas entre justo e o ímpio, mas entre as filosofias falsas e verdadeiras, as teorias educacionais, as ciências, os conceitos políticos e os regimes sociais." (Bruce R. McConkie, Doutrina Mórmon, p. 197)

Para que ninguém pense que McConkie estava apenas "dando sua própria opinião", o mesmo foi afirmado pelo próprio Deus (de acordo com os mórmons) em Doutrina e Convênios, seção 46, versículo 27:

“ E ao bispo da igreja e àqueles designados e ordenados por Deus para zelarem pela igreja e para serem élderes da igreja, será dado discernir todos esses dons, para que ninguém haja entre vós que, sem ser de Deus, professe tê-los”.

Mark Hofmann tinha há muito perdido sua fé no mormonismo, e realizava reuniões com a liderança com o expresso propósito de enganar e fraudar a Igreja. Assim, ele certamente se qualifica como uma pessoa que, “sem ser de Deus, professe” ter esses dons.

Portanto, embora a Bíblia esteja repleta de exemplos de profetas sendo enganados, iludidos e trapaceados, os mórmons não podem mais usar essa desculpa para cobrir os seus atuais dirigentes, já que Deus decidiu "acabar" essa "possibilidade” quando ele supostamente revelou seção 46.

Durante a investigação, a hierarquia SUD foi convidada a realizar um inventário completo de seus cofres e listar todos os documentos que tinham passado pelas mãos de Hofmann.

Diário de McLellin

Entretanto, durante o curso do inventário, os membros do Quórum dos Doze Apóstolos tomaram conhecimento de uma descoberta surpreendente: a coleção McLellin* já estava nos arquivos, tendo sido adquirida pela própria Igreja em 1908!

As provas concretas dessa magnitude teriam convencido a acusação que Hofmann realmente não teve acesso à coleção, e por isso estaria provado que ele era um falsificador. Se a liderança desse a coleção aos advogados de acusação, eles provavelmente teriam pedido a pena de morte.

Porém, se a liderança da igreja SUD o fizesse, eles se encontrariam na situação embaraçosa, pois teriam que explicar o porque de negociarem a compra de algo que já possuíam.

A decisão? Eles acabaram mantendo essa descoberta em segredo!!

Esta atitude só pode nos levar a uma conclusão: a liderança da Igreja Mórmon optou por manter sua imagem pública ao invés de ver a justiça ser feita ao assassino de dois dos seus próprios membros.

Hofmann em 1986, durante a audiência preliminar

A audiência preliminar de Hofmann (as audiências são realizadas para determinar se há ou não provas suficientes para um julgamento) durou cinco semanas, a mais longa da história de Utah.

Assim, antes do real julgamento começar, Hofmann aceitou um acordo judicial, e agora está cumprindo uma sentença de prisão perpétua.

Infelizmente para o mundo, Gordon B. Hinckley foi poupado de um interrogatório público pelo advogado de defesa, sobre sua capacidade ou incapacidade de receber revelações.

* A coleção McLellin

William E. McLellin

Muitos mórmons não reconhecem o nome de William E. McLellin (às vezes escrito como M'Lellin, McLellan, McClellan), embora ele foi um dos primeiros conversos da igreja (1831) e um membro do Primeiro Quórum dos apóstolos.

Ele é mencionado várias vezes nas revelações de Doutrina e Convênios. O fato de ele ter deixado a igreja em 1836 é, sem dúvida, o motivo pelo qual ele é relativamente desconhecido e ignorado pelos mórmons modernos.

O nome McLellin tornou-se destaque novamente por volta de 1985, quando Mark Hofmann anunciou que havia localizado vários documentos de McLellin há muito perdidos, e sugeriu que os escritos deste apóstata em breve iria esclarecer muitas coisas sobre o mormonismo.

Os escritos de McLellin que compõem a coleção fornecem uma valiosa imagem de como era o mormonismo no início dos anos 1830 e como ele mudou drasticamente.

McLellin dá razões para a sua perda de confiança em Smith e sua igreja:

- a idéia não bíblica de dois sacerdócios,

- a história dúbia e final da restauração do sacerdócio por anjos (que McLellin diz nunca ter ouvido falar - veja AQUI),

- a supressão do nome "Cristo" do nome da igreja em 1834 (veja AQUI),

- a grande revisão do Livro de Mandamentos quando foi publicado pela segunda vez como Doutrina e Convênios (veja AQUI),

- a ausência de qualquer dom divino no templo de Kirtland (McLellin narra os acontecimentos neste templo como uma orgia de bêbados),

- o escândalo do Banco de Kirtland (veja AQUI),

- o fracasso do Acampamento de Sião (que McLellin atribuiu à violação da revelação anterior, que os obrigava a viver em paz) - veja AQUI,

- a expulsão, feita pelos Danitas, dos dissidentes de Missouri, entre outros. (Book review of: The William E. McLellin Papers: 1854-1880)

Conclusões:

Aprendemos com este assunto que a Igreja, de fato, compra e suprime documentos confidenciais a respeito de sua história. Aprendemos também que a liderança SUD reivindica que eles possuem o dom do discernimento através de revelação divina, o que é 180° diferente da realidade.

Talvez haja quem diga:

"Talvez Deus por suas próprias razões optou por não oferecer inspiração naquele momento."

Para isso eu digo, se o assassinato de duas pessoas inocentes não é suficiente para justificar uma inspiração, especialmente quando o detrator está em seu próprio escritório e você pode rapidamente pôr fim a todo esse esquema, dizendo: "não interessa", o que seria suficiente para justificar uma inspiração?

Ou talvez alguns digam:

"Os líderes estão muito ocupados hoje em dia, todos eles se encontram com grade um grande número de pessoas diariamente."

Para isso eu digo, qual o limite do que alguém pode se reunir, que faz com que Deus, de repente, perca sua capacidade de oferecer inspiração?

Quem sabe, talvez eu esteja errada. Talvez a liderança da Igreja seja inspirada, mas Mark Hofmann foi um falsário tão bom que foi capaz de enganar o próprio Deus!

Huumm, eu me pergunto, qual das duas opções?

Documentos de Hofmann	Resumo Forense
Número examinado	443
Autêntico	268 (60%)
Forjado	107 (24%)
Indeterminado	107 (24%)
Vendidos / doados a Igreja SUD	68 (15%)

Outras notícias de jornais da época:

"Segundo os investigadores, os líderes da igreja compraram documentos do Sr. Hofmann e depois os esconderam em um cofre com uma série de cartas e outros documentos do século XIX, que lançam dúvidas sobre a versão oficial da história da Igreja".

- New York Times, 11 de fevereiro de 1987

"Tem sido alegado que é praticamente impossível para uma pessoa a escrever uma revelação que compare às de Joseph Smith. Agora, parece, no entanto, que há alguém [Hofmann] que pode escrever revelações comparáveis às de Joseph Smith e que ainda é possível aprová-las após o exame da mais alta cúpula da Igreja Mórmon".